Anos atrás, quando a jovem garota argentina foi descoberta, o basquete
brasileiro se mobilizou. Todos os esforços estavam voltados para ter aquela
pivô valente, enérgica, vibrante, vestindo a camisa da seleção brasileira.
Anos depois, aquela mesma garota argentina está agonizando. Não tem
onde jogar, não tem com quem jogar. E aquelas mesmas pessoas que antes a
consideravam uma das esperanças da seleção agora se calam. Nada fazem.
É triste ver a situação de Karina. Durante muito tempo a Confederação
Brasileira de Basquete lutou pela naturalização da jogadora. Mas a Fiba
nunca a deixou vestir a camiseta verde-amarela, porque ela já atuou pela seleção argentina.
Hoje, a CBB se cala diante da crise no basquete. Karina, como muitas
outras jogadoras, está desempregada. Abandonada. Será que ela terá que fazer
como Hortência, que trocou o basquete pelos rodeios, ou como Paula, que foi
cuidar do Centro Olímpico do Ibirapuera? O basquete acabou para ela?
Esse sentimento foi revelado à coluna por uma mensagem da própria
Karina, que mostra muito bem a atual situação do basquete brasileiro. Leia,
a seguir, a carta enviada:
"Nunca pensei que o basquete chegaria nesse ponto . Fico triste em
saber que nossos dirigentes acham que está tudo bem!!!!!!!!
Acho que a grande culpa é deles, mas nós, jogadoras e jogadores,
temos uma parcela de culpa. Não conseguimos nos organizar e fazer um
sindicato ou alguma coisa parecida. Seria importante porque teríamos voz
ativa e poderíamos fazer frente às loucuras de nossos dirigentes.
Todo mundo está triste pelo momento que nosso esporte atravessa. Ficar
triste não adianta. Jornalistas, jogadores, treinadores, temos que nos unir
e assim derrubar os incompetentes que dirigem nosso esporte.
Prova mais triste é que o Brasil é campeão da Copa América dentro do
nosso Brasil e o torneio não é transmitido nem em canal aberto nem
fechado!!!!!!!!
Um forte abraço. Espero que no futuro tuas colunas consigam relatar
fatos legais de nosso esporte." Eu também gostaria, Karina, de falar das coisas boas. Mas sabemos que a
situação é bem diferente.