Muito nobre, digno de um rei, a atitude de Michael Jordan ao anunciar,
através de um breve comunicado, a sua volta ao basquete. Todo o salário será doado para as vítimas dos atentados terroristas nos EUA. Ação que irá transformá-lo muito mais do que num monarca do esporte, mas em um verdadeiro deus.
Nas quadras, a situação de Jordan será muito diferente. Ele terá pela
frente uma equipe medíocre e um grupo de adversários famintos para mostrar
que podem, ou que pelo menos tentam, superá-lo.
Não se deve esperar muito do Washington Wizards. Um time de garotos,
jogadores de segundo e terceiro escalões da liga. Com Jordan, irão ganhar
motivação. Mas mesmo a classificação para os playoffs já será uma grande
conquista.
O grande desafio de Jordan será os duelos individuais. Nos últimos
anos, surgiram muitos novos Jordans, como Kobe Bryant, Allen Iverson, Vince Carter e Kevin Garnet. Eles terão um gostinho muito especial nos jogos contra o Washington.
Durante sua carreira, Jordan sempre alimentou as rivalidades
pessoais. Foi assim com Isaiah Thomas, Clyde Drexler, Gary Payton. Agora,
terá pela frente jogadores jovens, ambiciosos, que não pretendem dar chance ao "velhinho" Jordan. Serão duelos de grande emoção, sem dúvida.
Como já foi dito nesta coluna, desde o final de junho a volta de
Jordan não era nenhuma surpresa. Seria sim, uma surpresa, se ele dissesse
que não voltaria. A maneira como fez o anúncio foi, isso sim, uma surpresa e
tanto. Um gesto para entrar na história.
Também já foi dito que não cabe avaliar se Jordan deveria ou não
voltar. É uma questão puramente pessoal. Ele tem o direito de decidir o seu destino. Quem somos nós para dar conselhos a um deus? Também não cabe ficar revirando arquivos para futuras comparações. Ora, Jordan não tem mais nada a provar.
E aqui vai um humilde agradecimento, em nome das gerações que
acompanharam sua gloriosa carreira e daqueles que, só agora, terão a
oportunidade de vê-lo: obrigado, Jordan!