Numa coletiva digna de George W. Bush em tempos de guerra, Michael
Jordan falou pela primeira vez à imprensa, nesta segunda-feira, em
Washington. Cerca de 200 jornalistas estavam presentes. E as impressões
iniciais não foram as melhores. Apesar de calmo e atencioso, o rei não
conseguiu esconder suas olheiras, além de um cavanhaque muito mais do que
grisalho.
Este é o primeiro sinal de que a marcação da crônica deverá ser
rigorosa. Serão inevitáveis as comparações entre o jovem e o velho Jordan.
Mais do que nunca, sua forma física terá uma atenção mais do especial.
Mas, e daí? Essa foi a resposta do velhinho de 38 anos, que sonha em
dominar novamente a NBA. Jordan disse que não se importa se terá sucesso ou
não. Ele não está ligando a mínima. Em tom patriótico, como está na moda nos
EUA, afirmou que vive num país livre e tem o direito de escolher o que é
melhor para ele.
Jordan também ignorou as críticas que recebeu nos últimos dias.
Alguns jornalistas norte-americanos acreditam que o seu retorno pode manchar
uma carreira gloriosa, até mesmo colocar em risco a sua coroa como o melhor
de todos os tempos.
Aqui já foi escrito que esse tipo de comentário é pura besteira. E
Jordan emendou: disse que ninguém poderá lhe tirar as glórias, os feitos e,
principalmente, os seis títulos que conquistou na liga. O resto,
convenhamos, é pura balela.
E é bom deixar claro que os mesmos cronistas que hoje criticam
Jordan não entenderam totalmente a sua decisão de deixar as quadras há três
anos. Eles mesmos reconheciam que Michael ainda poderia jogar mais um ou
dois anos.
Nesse período, todos os que adoram o basquete ficaram com um
gostinho de quero mais. É por isso que a volta de Jordan despertou tanta
expectativa. Há muitas dúvidas do potencial atual de Jordan. Mas é evidente
que todos estão ansiosos para ver o rei em ação novamente.
Ou, como disse o próprio Jordan, é uma coceira que vinha incomodando
há alguns anos, e uma hora outra é preciso coçar. Nem que para isso tenha
que deixar as olheiras de lado.