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Fernando Santos
Segunda-feira, 01 Outubro de 2001, 17h07
terraesportes@terra.com.br

As olheiras de Jordan


Numa coletiva digna de George W. Bush em tempos de guerra, Michael Jordan falou pela primeira vez à imprensa, nesta segunda-feira, em Washington. Cerca de 200 jornalistas estavam presentes. E as impressões iniciais não foram as melhores. Apesar de calmo e atencioso, o rei não conseguiu esconder suas olheiras, além de um cavanhaque muito mais do que grisalho.

Este é o primeiro sinal de que a marcação da crônica deverá ser rigorosa. Serão inevitáveis as comparações entre o jovem e o velho Jordan. Mais do que nunca, sua forma física terá uma atenção mais do especial.

Mas, e daí? Essa foi a resposta do velhinho de 38 anos, que sonha em dominar novamente a NBA. Jordan disse que não se importa se terá sucesso ou não. Ele não está ligando a mínima. Em tom patriótico, como está na moda nos EUA, afirmou que vive num país livre e tem o direito de escolher o que é melhor para ele.

Jordan também ignorou as críticas que recebeu nos últimos dias. Alguns jornalistas norte-americanos acreditam que o seu retorno pode manchar uma carreira gloriosa, até mesmo colocar em risco a sua coroa como o melhor de todos os tempos.

Aqui já foi escrito que esse tipo de comentário é pura besteira. E Jordan emendou: disse que ninguém poderá lhe tirar as glórias, os feitos e, principalmente, os seis títulos que conquistou na liga. O resto, convenhamos, é pura balela.

E é bom deixar claro que os mesmos cronistas que hoje criticam Jordan não entenderam totalmente a sua decisão de deixar as quadras há três anos. Eles mesmos reconheciam que Michael ainda poderia jogar mais um ou dois anos.

Nesse período, todos os que adoram o basquete ficaram com um gostinho de quero mais. É por isso que a volta de Jordan despertou tanta expectativa. Há muitas dúvidas do potencial atual de Jordan. Mas é evidente que todos estão ansiosos para ver o rei em ação novamente.

Ou, como disse o próprio Jordan, é uma coceira que vinha incomodando há alguns anos, e uma hora outra é preciso coçar. Nem que para isso tenha que deixar as olheiras de lado.

 

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