A volta de Michael Jordan abafou muitas histórias na NBA. Mas uma delas logo logo voltará à tona e precisará de uma decisão: Tim Duncan e David Robinson continuarão a ser chamados de Torres Gêmeas depois de tudo o que aconteceu em Nova York? É uma situação delicada.
O termo Torres Gêmeas, à primeira vista, está agora associado ao terrorismo. Por essa razão, David Robinson já declarou que não gostaria de manter a denominação. É uma posição pessoal e demonstra toda a polêmica ao seu redor.
Por outro lado, as Torres Gêmeas representam também um marco na história da humanidade. Revelam o despertar da justiça e da defesa da liberdade. Mesmo que os métodos adotados pelas forças armadas norte-americanas não sejam uma unanimidade. Mas quem não deseja acabar com o terrorismo internacional?
O grande problema de se utilizar o termo no basquete são suas consequências. Se Tim Duncan e David Robinson dominarem a cena novamente, alguém poderá dizer: as Torres Gêmeas estão mais fortes do que nunca. Mas, se fracassarem, não será novidade se alguém aparecer e dizer que as Torres Gêmeas desabaram mais uma vez.
O humor negro e a utilização de termos bélicos pelo esporte não é novidade. Quantas vezes você já leu ou ouviu que uma partida é uma questão de vida ou morte? Que os times se preparam para uma guerra? Que o artilheiro de uma equipe é um verdadeiro matador? Que o chute foi uma bomba ou um míssil?
Talvez o mais aconselhável, em respeito às vítimas do atentado e de seus familiares, seja mesmo evitar o termo. O que não pode acontecer é a imprensa, de uma maneira geral, acatar cegamente uma censura da NBA, como acontece com os principais veículos de comunicação dos EUA em relação à guerra do Afeganistão. É um momento delicado na relação entre governo e a liberdade de imprensa.
Se George W. Bush não quer que Osama Bin Laden apareça nas TVs e jornais dos EUA, o mesmo pode acontecer na NBA, com David Stern determinando como devem ser chamados os seus jogadores. Isso é o caminho para a ditadura. Os órgãos de imprensa devem decidir como e de que maneira irão tratar o assunto. Sob pena da instauração de uma censura permanente.
Quanto às Torres Gêmeas, o que deve pesar é o pedido dos jogadores envolvidos e também da própria torcida. Como já aconteceu em San Antonio, os torcedores deveriam ser ouvidos. Eles já participaram de uma votação para decidir pela construção do novo ginásio do Spurs. Agora, podem também tomar uma posição importante nesse caso.
É bem provável que a escolha seja de, pelo menos agora, evitar o termo Torres Gêmeas no campeonato que começa no próximo dia 30. Mas não se pode, de maneira nenhuma, tomar tal decisão por imposição da direção da liga.
Fernando Santos