Já são seis meses sem receber salários. E o que deveria ser um exemplo
de estrutura para os chamados "esportes amadores" no Brasil se esfarela.
Transformou-se num exemplo de incompetência, irresponsabilidade,
irracionalidade, uma situação insustentável.
Esse é o basquete do Vasco, atual bicampeão nacional, que já passou há
muito tempo do fundo do poço. Crise que só não explodiu de uma vez devido ao
comando honrado de Hélio Rubens, capaz de segurar aquela que promete ser a
maior barra de sua longa e vitoriosa carreira.
O treinador consegue, junto ao grupo, abafar a dura situação. Só não
consegue evitar os reflexos dentro da quadra. No último domingo, derrota por
22 pontos para o Fluminense, pelo Campeonato Carioca. E o que se pode
esperar da partida do próximo domingo, contra o arqui-rival Flamengo?
Vale reforçar: essa é a situação do atual campeão brasileiro. Não é
difícil imaginar como estão as outras equipes. Franca, por exemplo, por
pouco não foi obrigada a fechar as portas. Teve de fazer uma "vaquinha"
entre os empresários locais para manter o time em atividade.
É assim que caminha o basquete brasileiro. Mesmo nessa situação, Hélio
Rubens ainda é capaz de descobrir um Nenê, de continuar seu incomparável
trabalho de renovação. Ele merece mesmo uma estátua, não pelas suas
conquistas, mas pela sua hombridade e dedicação ao esporte.
Só para comparar: na manhã desta quinta-feira, Hélio dos Anjos
reclamou que desde que assumiu o time de futebol, em 18 de agosto, não tinha
recebido nenhum tostão do Vasco. Resultado: arrumou as malas e foi para o
Goiás. Há jogadores no Vasco que não recebem há nove meses!
Assim, não há como exigir nem mesmo uma vitória sobre os Catados da
Serra. Num país sério, o clube já estaria sob intervenção, a equipe seria
proibida de disputar competições oficiais e os jogadores teriam a chance de
procurar emprego em outro lugar.
Mas estamos no Brasil. E, o que é pior, no Vasco de Eurico Miranda.