Não, não era uma coluna social anunciando um desenlace, um final de romance
da alta sociedade. Mas causou impacto. Depois de dez anos, estão separados
Ricardo Teixeira e J. Hawilla, isto é, CBF e Traffic.
Chega ao fim um
casamento que durou dez anos, talvez um pouco mais. Toda despedida é sempre
triste. Assim, uma carta selou o adeus definitivo. Por escrito, Hawilla
(Traffic) colocou um ponto final na convivência comercial, que originou
milhões de reais.
Seguramente, bons negociantes, os dois saíram do negócio
muito mais ricos do que entraram. Dizem, deram à Seleção Brasileira um
caráter profissional no relacionamento patrocinador patrocinado, que hoje
chamam de marketing. Aprendi na roça de onde vim, no nosso linguajar
camponês, que quando há uma confusão colocando um ponto final numa união, a
gente diz: “Pode crer que foi dinheiro, cachaça ou muié”.
Claro, não foi por
causa de “muié”. Cachaça, também não. Dr. Ricardo sempre bebeu uísque. Por
ironia, foi um refrigerante. Mas seguramente foi por causa de dinheiro. Como
em todo desacordo, houve traição. Primeiro, Dr. Ricardo trocou de
refrigerante na propaganda da camisa da Seleção, num negócio de 8 milhões de
reais. Hawilla foi passado para trás. Depois, Dr. Ricardo acabou com a Copa
Mercosul, cujos direitos eram do ex-sócio Hawilla.
Nesse caso, a CBF atendeu, talvez, o último pedido da TV Globo. Dr. Ricardo e J. Hawilla atravessaram juntos as agruras da CPI de onde o presidente da CBF saiu desmoralizado e
J. Hawilla repleto de elogios. Hawilla se esqueceu de que o mundo é redondo
e dá voltas.
Quando ele vendeu o Corinthians para os americanos, um outro
profissional do marketing procurou a Traffic e explicou que a venda da
publicidade do Excel, da Suvinil, tinha sido feita por amor ao Corinthians.
A partir do momento em que o negócio era profissional, a empresa tinha
direito à comissão.
Hawilla foi uma pedra de gelo, frio, calculista,
profissional, perguntou: “Tem por escrito?” Não, não tinha por escrito. A
transação tinha sido feita por amor ao clube em uma época ruim, onde os
salários dos jogadores corriam o risco de não serem cumpridos.
Agora, certamente o negócio Traffic-refrigerante-CBF também não tinha nada por
escrito. Se tinha ninguém honrou a palavra. Fora o companheiro Roberto
Marinho, dificilmente um jornalista consegue ficar milionário. Pelo menos
que eu me lembre. J.Hawilla, que foi repórter-eportivo, conseguiu.
Montou
uma empresa. Bom vendedor, obteve sucesso. Fez a independência financeira,
de suas futuras gerações. O país é livre, a iniciativa privada também. No
Brasil, costuma-se medir a felicidade das pessoas pelo dinheiro que possuem.
Nesse caso, Dr. Ricardo e J. Hawilla seriam um oceano de felicidade.
No
último emprego de “Jotinha”, como alguns amigos o chamam, trabalhamos juntos
como repórteres na TV Globo. Juntos participamos da greve dos jornalistas.
Depois, cada um seguiu seu caminho. Eu. como empregado, Hawilla como patrão.
Por isso, a notícia do fim da convivência CBF – Traffic me chamou atenção.
Curiosidade de jornalista. Nada além disso. Às vezes, fico pensando se J.
Hawilla não era mais feliz quando na Praça Marechal, sede da TV, na calçada,
mostrava com orgulho um carro Dodge (que não era do ano) recém-comprado na
do amigo Constantino Cury. Pode ser que seja verdade: o dinheiro não
traz felicidade. J. Hawilla que o diga!