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Juarez Soares
Terça-feira, 23 Outubro de 2001, 17h09
terraesportes@terra.com.br

Colcha de retalhos


Na grande coleção de frases que ajudaram a fazer o mosaico das situações do futebol brasileiro, uma frase teve grande destaque. Quando alguém queria dizer que um time de futebol não tinha força de conjunto dizia, que a equipe era “uma colcha de retalhos”.

Significava a lembrança do interior, quando uma dona de casa prestimosa juntava pedaços de pano e formava uma colcha colorida, que era colocada com orgulho sobre a cama. Essa é uma imagem contemporânea àquela do tempo em que se “amarrava cachorro, com lingüiça”.

A Seleção Brasileira é hoje a própria colcha de retalhos, às vezes com tecidos importados. Hoje, em São Paulo, nos fins de semana, ambulantes esticam em varais colocados nas praças essas colchas, que custam em média R$ 250,00. Formando o painel, desse último fim de semana notamos que:

1) Os jogadores da Bolívia que atuam no exterior não querem participar do jogo contra o Brasil dia 7. Afirmam que a partida não vale nada.

2) O técnico do Corinthians, Wanderley Luxemburgo, disse que o pênalti a favor do seu time no jogo contra o Grêmio, não existiu. Afirmou que o juiz Léo Feldman deve se aposentar.

3) O advogado do Corinthians propôs na 74ª Vara de Justiça que Marcelinho Carioca voltasse ao Parque São Jorge a partir do dia 2 de janeiro do ano que vem. Marcelinho não aceitou.

4) Rogério Ceni jogou muito contra a Portuguesa. Continua falando mais do que joga.

5) Teve também aquela garota gaúcha que quebrou o próprio recorde mundial controlando a bola por mais de 7h10min ininterruptamente. E pensar que tem centroavante da Seleção que não faz embaixada por mais de cinco minutos.

6) O técnico Jair Picerni, do São Caetano, líder do Campeonato Brasileiro, explicou em entrevista para a Tiazinha porque o seu time está em primeiro lugar. É que o São Caetano joga com dois volantes de criação e não de contenção como está na moda. Tiazinha arregalou os olhos e ficou muito espantada. Os outros técnicos do futebol brasileiro também.

7) Enquanto isso, Edmundo desembarca no Japão prometendo que agora vai ser bom moço, vai treinar todos os dias, não vai sair à noite, nem criar problemas disciplinares. Os japoneses não conseguiram arregalar os olhos, mas também ficaram muito desconfiados.

Como se vê uma colcha de retalhos que serviu para cobrir verdades e mentiras dos últimos dias.

 

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