Essas mal traçadas linhas, hoje, como sempre, terão a intenção de buscar a compreensão. Serão palavras escritas na tentativa de entender, decifrar pequenos teoremas que envolvem a convocação da Seleção Brasileira.
Acabo de ouvir a chamada feita pelo técnico Luiz Felipe Scolari para o jogo contra a Bolívia. Por enquanto, só os estrangeiros. Para mostrar que não há broncas, achei a convocação coerente, bem feita, justa. Até que enfim!
A maior prova é que Eduardo Costa está fora. O garoto, ainda não tem condições de jogar na seleção Brasileira. Júnior, o lateral esquerdo, também não foi chamado. Não joga na seleção metade do que rende nos clubes.
Finalmente a prova do bom senso! O Ronaldo da Inter está fora. Sua convocação não teria nenhuma justificativa que não fosse política. Um tipo de acordo com a Nike. Se ele não tem condições de jogar no seu clube, como poderia atuar na seleção? Alguém próximo a Luiz Felipe deve ter explicado ao técnico da seleção o óbvio. E surpreendente. Felipão entendeu o óbvio. Ainda bem.
Zé Roberto está de volta, acho esse jogador um craque!
Finalmente voltou Serginho do Milan, sem dúvida o melhor lateral esquerdo há muito tempo. Sabe jogar individualmente, taticamente, tecnicamente. Joga muito mais que Roberto Carlos.
Agora é esperar pela convocação dos jogadores que atuam no Brasil. Depois, é só escalar a seleção, ganhar da Bolívia, comemorar a classificação. Simples assim? Exatamente, muito simples. O que se espera é que pelo menos nos dois últimos jogos tenhamos uma seleção titular, que o técnico saiba definir o time. Que a torcida aprenda quais são os titulares dessa comissão técnica desvairada. Ainda há tempo.
Sempre procurei entender o espírito gauchesco do técnico Scolari, sou admirador do grande poeta, “pajeador dos pampas”, Jaime Caetano Braun. Tanto assim que vou reproduzir uns versos (excertos) do iluminado declamador de São Luis Gonzaga para relembrar ao Felipão que atualizar-se, rever pontos de vista, não diminui ninguém. Ter autocrítica não significa que não se vá até o fim lutando por aquilo no que se acredita. Felipão lembra quase sempre um galo de rinha, principalmente na luta em que ele transforma qualquer entrevista coletiva:
“ Deus te deu como ao gaúcho
Que jamais dobra o penacho
Essa altivez de índio macho
que ostentas já quando pinto
É a diferença que sinto
É que o guasca, bem ou mal
Só luta por um ideal
E tu brigas por instinto
Porque na rinha da vida
já me bastava o empate
Pois cheguei no arremate
E só me resta o conforto
Como a ti galo de rinha
Que se alguém dobrar-me a espinha
Há de ser depois de morto”
Como se diz pelas bandas do sul, “Não está morto quem pelea”. Felipão, que hoje foi mais doce na coletiva, parece que aprendeu. Há que buscar a classificação sem perder a ternura jamais.