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Juarez Soares
Sexta-feira, 26 Outubro de 2001, 16h05
terraesportes@terra.com.br

Casa da Mãe Joana


Aprendi no difícil jogo da política, pelo menos da política brasileira, que no final do mandato o cafezinho vem frio. Isso para significar a falta de prestígio quando todos em torno percebem que a reeleição do chefe é impossível.

Partindo deste pré-suposto verdadeiro e comprovado, imagino a situação do senhor Ricardo Teixeira, ou melhor, Dr. Ricardo, como dizem os bajuladores que gravitam em torno do presidente da CBF.

As notícia pipocam aqui e acolá dando conta de que o Sr. Teixeira está de licença médica até março do ano que vem. Em seu lugar está respondendo pelo cargo Alfredo Nunes. Enfim, o barco do futebol brasileiro está à deriva, largado, órfão. A CBF virou a casa de mão Joana.

Enquanto todos esperam a classificação para a Copa do Mundo, a luta política continua. Do alto do seu cargo de Ministro de Esportes, Carlos Meles anuncia que Ricardo Teixeira propôs a ele entregar uma carta oficial de renúncia. Claro, essa carta será dada ao público depois do Brasil classificado e sob certas condições. O acordo incluiria uma compreensão caridosa da situação do presidente da CBF no relatório final da CPI do senado.

Assim, o Sr. Teixeira poderia assumir um cargo na FIFA que lhe foi arranjado, pasmem, pelo próprio ministro Carlos Meles. Nesse panorama quase inocentado na CPI, Dr. Ricardo bateria suas ricas plumagens em busca de pouso seguro na Suíça. Seria um enterro de primeira.

Na política brasileira, os que desviam dinheiro, os que roubam, jamais devolvem o produto do furto. Fica para o infrator a dor moral. Ora, que moral?

Estou levando em conta a seriedade da palavra do ministro Carlos Meles e a solenidade do cargo que ocupa. Com a carta de renúncia, estaria solucionado o mais grave problema do futebol brasileiro da atualidade. Ao que tudo indica, o Brasil irá para a Copa do Mundo sob nova direção dentro e fora do campo.

 

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