Maradona está completando 41 anos de vida. Nasceu, portanto, em 1960. Se tivesse o mesmo comportamento de Mauro Galvão, por exemplo, poderia estar até hoje em atividade. Mas não teve. Assim sua carreira foi abreviada pela fatalidade, descuido, despreparo, seja lá por qual motivo for, o diabo atravessou sua vida.
Verdade que ele nasceu ungido pelos deuses, pelos anjos, pelo sobrenatural, tamanha a sua capacidade para jogar futebol. Conheci Maradona nos idos de 77, um ano antes da Copa do Mundo jogada na Argentina. Trabalhava para uma emissora de TV e tive oportunidade de entrevistá-lo. Ele tinha 17 anos.
Era um sábado de sol em Buenos Aires, o Argentino Juniores estava em campo jogando o campeonato portenho. Eu tinha vindo de Mar del Plata, faltava ainda chegar até Mendonza, na fronteira com o Chile, minha missão era mostrar todas as cidades sedes da Copa do Mundo. Parando na capital perguntei ao gerente do hotel o que iria acontecer naquele fim de semana. Como todo argentino, passional, o torcedor foi claro: “Hoje atua o maior jogador da história do nosso futebol.”
Pensei que mais uma vez os argentinos estavam descobrindo um novo Pelé. Não era o Pelé, mas quase. Falou mais alto o lado do jornalista e lá fomos nós, o cinegrafista e eu, ver o Argentino Juniors. Levei um susto. Maradona fez dois gols; quando subia no alambrado com sua camisa vermelha para comemorar com os torcedores, o estádio enlouquecia. Um ano depois ele foi convocado para a Copa do Mundo, e dispensado pelo técnico Menotti, que entendia ser ele ainda muito novo para a competição.
Depois o jovem craque foi para o mundial juvenil em Tóquio. A Argentina ganhou o título e Maradona considerado o melhor jogador do torneio. O resto todo mundo sabe: ele tornou-se o maior jogador do mundo na sua época, rivalizou com Pelé, foi campeão do mundo, virou um mito, um semi-deus. Deixou-se levar pelos prazeres da vida. Foi seduzido pelo vício, enfeitiçado pelo dinheiro, sei lá mais o que aconteceu. Tornou-se um doente, dependente, uma tristeza. Hoje luta pela recuperação. Merece respeito. Tudo isso antes dos 40 anos. Poderia ter sido tudo diferente. Como jornalista, depois de Pelé nunca vi um jogador tão habilidoso como Maradona, então só me resta, como admirador do futebol jogado com arte, mandar aqui do meu canto, de forma modesta e sincera, os desejos de boa sorte. Feliz cumpleaños, Diego.