Tudo começou em 19 de outubro do ano passado. Faz, portanto, um ano e
17 dias. Mas ninguém acreditou. Todos eles apostaram na impunidade. Não acreditaram na Justiça. Tinham em mente a preguiça da Justiça
brasileira.
Afinal, na cabeça desses senhores, (senhores?) o Judiciário
brasileiro foi criado e alimentado para punir pobres, pretos e mulheres de
vida fácil. Todos eles andaram sobre as águas, ou melhor, sobre o lamaçal em
que transformaram o futebol brasileiro e jamais molharam os pés, ou
enlamearam os sapatos de fino trato.
Até que com o andar lento e moroso, a
tartaruga da Justiça os alcançou. Hoje, dia 7 de dezembro de 2001 uma quinta-feira. O relatório aprovado na Comissão Parlamentar de Inquérito
haverá de incriminá-los.
A aprovação do relatório final do senhor Althoff foi uma barbada. Os senadores valentões que arrotava bravatas prometendo
inocentar os acusados, não resistiram a duas edições do Jornal Nacional. Pressionados pela rede de TV, que saiu ilesa da investigação sobre
contratos, contratantes e contratados, mansamente aprovaram o documento
final.
Até aqueles que receberam dinheiro para suas campanhas eleitorais largaram mão do chefe da turma. Já tinham mesmo recebido a grana. Como nos
melhores filmes da máfia,O primo capo acabou sozinho quando
seus aliados pressentiram o fim de carreira do artista principal.
Agora, virá um novo capítulo, o mais longo, difícil e moroso. O Ministério
Público terá que processar toda essa gente, enquadrar a todos, condená-los.
Só assim, a Justiça será feita. Caso contrário, a desmoralização será pública.
A Ouvidoria da Câmara Federal terá que se pronunciar dando autorização para
que se inicie o processo de cassação do mandato do mais fanfarrão de todos
os deputados: Eurico Miranda. Retrato maior de quem jamais acreditou na
possibilidade de ser punido. O resultado da aprovação final do relatório foi
12 votos a O. Pela primeira vez, a unanimidade deixou de ser burra.