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Juarez Soares
Quinta-feira, 06 Dezembro de 2001, 13h27
terraesportes@terra.com.br

A unanimidade deixou de ser burra


Tudo começou em 19 de outubro do ano passado. Faz, portanto, um ano e 17 dias. Mas ninguém acreditou. Todos eles apostaram na impunidade. Não acreditaram na Justiça. Tinham em mente a preguiça da Justiça brasileira.

Afinal, na cabeça desses senhores, (senhores?) o Judiciário brasileiro foi criado e alimentado para punir pobres, pretos e mulheres de vida fácil. Todos eles andaram sobre as águas, ou melhor, sobre o lamaçal em que transformaram o futebol brasileiro e jamais molharam os pés, ou enlamearam os sapatos de fino trato.

Até que com o andar lento e moroso, a tartaruga da Justiça os alcançou. Hoje, dia 7 de dezembro de 2001 uma quinta-feira. O relatório aprovado na Comissão Parlamentar de Inquérito haverá de incriminá-los.

A aprovação do relatório final do senhor Althoff foi uma barbada. Os senadores valentões que arrotava bravatas prometendo inocentar os acusados, não resistiram a duas edições do Jornal Nacional. Pressionados pela rede de TV, que saiu ilesa da investigação sobre contratos, contratantes e contratados, mansamente aprovaram o documento final.

Até aqueles que receberam dinheiro para suas campanhas eleitorais largaram mão do chefe da turma. Já tinham mesmo recebido a grana. Como nos melhores filmes da máfia,O primo capo acabou sozinho quando seus aliados pressentiram o fim de carreira do artista principal.

Agora, virá um novo capítulo, o mais longo, difícil e moroso. O Ministério Público terá que processar toda essa gente, enquadrar a todos, condená-los. Só assim, a Justiça será feita. Caso contrário, a desmoralização será pública.

A Ouvidoria da Câmara Federal terá que se pronunciar dando autorização para que se inicie o processo de cassação do mandato do mais fanfarrão de todos os deputados: Eurico Miranda. Retrato maior de quem jamais acreditou na possibilidade de ser punido. O resultado da aprovação final do relatório foi 12 votos a O. Pela primeira vez, a unanimidade deixou de ser burra.

 

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