Sempre fui um crítico duro do novo técnico do Corinthians, Carlos
Alberto Parreira. Desde a Copa dos Estados Unidos foi assim. No entanto,
sempre tive muito claro a frase de perfil filosófico de que: “Uma
coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.
Parreira é um
treinador diferenciado de seus colegas brasileiros. Ele é um
profissional educado, tem compostura, procedimento adequado a todas
as situações. Fala bem o português, além do inglês, do francês, do
espanhol, italiano e etc. Por esse aspecto, pode ser chamado, com
justiça, de “professor”, um termo tão banalizado pelos jogadores
quando, para puxar o saco, se referem ao próprio técnico.
Parreira
tem uma qualidade que não reconheço em nenhum outro técnico desse
país. Ele tem classe. Durante a Copa dos Estados Unidos,
participei, talvez, do maior programa de críticos dos últimos tempos
da TV brasileira, o “Apito Final”, comandado por Luciano do Valle. O
time era composto por Mário Sérgio, Rivelino, Tostão, Armando
Nogueira, Gérson e, modéstia à parte, eu. Criticamos duramente a
Seleção Brasileira. Não admitíamos aquela retranca imposta por
Parreira, o Brasil jogando sempre na defesa. Achávamos a tática uma
calamidade. E quase foi.
Se Baggio e Baresi não chutassem os
pênaltis para fora, a história seria outra. Vale o registro. Depois
do Brasil campeão do mundo, os repórteres encomendados, desses que
viajam às custas da CBF, tentaram jogar Parreira contra o ‘Apito
Final’. Perguntaram se ele queria dar resposta a todos que o
criticaram. Nesse momento, Parreira respeitou e se fez respeitar.
Mostrou seu cartão de visita, manteve a elegância: “Responder o quê?
Eu sou o campeão do mundo”.
À noite, recebeu um dos poucos elogios do
nosso programa. A vida seguiu, a roda girou, nosso time se desfez.
Parreira foi treinar outras equipes. No Brasil, ele quase nunca
conseguiu sucesso. No nosso país é um treinador comum. Quando alguém
quer elogiá-lo diz que ele é estudioso. Dirão alguns que ele ganhou
um título treinando o Fluminense. Mas, com Gérson na meia-esquerda,
até eu.
Parreira vai ter agora a sua mais árdua lição desde que se
tornou técnico. Treinar o Corinthians é muito mais difícil que
treinar a Seleção. A paixão dos torcedores, a incompetência dos
dirigentes, o time que tem poucos craques. Ele vai andar em cima
do fio da navalha. Pena que não tenha trazido na comissão técnica
João Paulo Medina, um craque profissional de elite. Desejo ao novo
técnico muita sorte. Ele vai precisar. Para ser um vencedor no
Corinthians, não basta apenas ser estudioso ou bom moço. É preciso
muito mais. O tempo dirá.
Apenas um lembrete:
Tenho pelo Atlético-PR muito respeito e admiração pela campanha deste
ano. Mas acho que o São Caetano pode tirar a diferença de dois gols e
se tornar Campeão Brasileiro.