Lá se foi o último domingo esportivo do ano. Deixou no seu derradeiro lampejo o
brilho da disputa de um título que dignificou o futebol brasileiro. O
Atlético-PR foi campeão com todos os méritos. Basta a verificação de
que foi o time que mais gols marcou no torneio. Pessoalmente,
esperava muito mais do São Caetano. Achava mesmo que o Azulão poderia
vencer a partida. Não foi assim, jogou mal.
Para definir os méritos,
o Atlético jogou bem. Não permitiu que o time de Jair Picerni
mostrasse o esplendor de seu futebol. Entrou em campo ganhando de 2 a
0, armou bem sua defesa, marcou com renovada aplicação e saiu para o
contragolpe com eficiência. O que mais se pode exigir de um time
campeão?
Outro detalhe fundamental foi o crescimento espantoso de
Alex Mineiro nos últimos jogos. Ungido pelos deuses que torcem pelo
futebol, teve o nível de aproveitamento que raros jogadores
conseguem. Alex, com seus gols, decidiu o campeonato.
O estado do Paraná, para o bem do futebol brasileiro, desviou o eixo da região
São Paulo-Rio de Janeiro-Minas Gerais. A esperança é que o
panorama da distribuição geográfica dos títulos continue assim. Foi
campeão o time que mais gols marcou no campeonato. Parece óbvio, mas
não é. O técnico Geninho merece, ao lado de seus jogadores, todo o
aplauso. Agora é só festejar.
Ao São Caetano, restou o consolo de ter
perdido com classe. É o segundo ano que esse time disputa o título de
campeão. Alcançou a posição de elite do futebol brasileiro com
resultados obtidos dentro do campo. Que continue assim. Bastam alguns
retoques que só os momentos de decisão têm o dom de mostrar. É
preciso que o treinador Jair Picerni faça a difícil escolha entre o
antagonismo, o contracenso da convivência de um meia ponta-de-lança
de pouco mais de um metro e meio (Anaílson) e seu parceiro de quase
dois metros (Magrão). O baixinho sabe e gosta de jogar com a bola no
chão. Bem marcado, não conseguiu. Magrão só sabe jogar pelo alto, é
bom cabeceador, um Jardel provinciano. Bem marcado, não conseguiu.
Até Jair Picerni deve ter se arrependido de colocar Bechara, tirando
Esquerdinha do meio-campo, depois substituindo-o na partida.
No futebol e no amor se ganha nos detalhes. O doce sabor do mel da
conquista só é possível sentir para os que têm sensibilidade na hora
da decisão. Nada disso, no entanto, tira o brilho da partida final.
Levou o título quem jogou melhor as duas partidas decisivas. Carlos
Eugênio Simon teve uma grande arbitragem. É o melhor juiz do Brasil.
Futebol à parte, que Papai Noel possa visitar a todos neste Natal.
Mas nunca é demais lembrar: "Felicidade é brinquedo que não tem."