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Juarez Soares
Quinta-feira, 03 Janeiro de 2002, 19h18
terraesportes@terra.com.br

Castigo


Foi difícil de acreditar. Li, reli, prestei atenção. Mas lá estava a declaração enfática, inexorável, contundente, profética: “Os diretores do Corinthians têm que apanhar de vara de marmelo”. A frase foi proferida por Francisco Monteiro, o “Todé”, empresário especializado na compra e venda de jogadores.

O mercado europeu preferido deste senhor é o espanhol. Ele sempre trabalhou com Fernando Torcal, enquanto esse seu colega ainda vivia. Ao falar de diretores do Corinthians, Todé deve estar se referindo aos únicos dois homens que, teoricamente, mandam no futebol alvi- negro, ou seja: Alberto e Antônio Roque, a desvairada dupla mosqueteira.

A revolta do empresário veio à tona porque ele anunciou que Luizão está praticamente vendido para o Betis, da Espanha. Antônio Roque disse que não era verdade. O empresário contra-golpeou raivoso, afirmando que ele tratava diretamente com os americanos donos do Corinthians. Portanto, possuidores dos direitos legais sobre o jogador Luizão.

O negócio está sendo concluído entre Dick Law o Betis e a Hicks Muse. E ponto final. Vendido o jogador, ao Corinthians e seus dirigentes cabem apenas concordar, nada além disso. O fato lamentável mostra o nível “profissional” que impera no Parque São Jorge. Entregue o clube aos americanos, os diretores corintianos afoitos e despreparados fazem qualquer negócio, desde que o fato possa lhes garantir espaço na televisão, nos jornais, enfim, como se diz, na mídia.

O empresário Todé aprendeu na lida do dia-a-dia, na luta pelo pão- nosso de cada dia. Não foi ao banco das universidades, não teve esse privilégio. Não se formou advogado nem teve um padrinho forte e bonzinho que lhe deu de presente uma nomeação vitalícia para tribunais que têm como mister conferir contas públicas. No entanto, baseado na velha experiência, sua sabedoria empírica no mundo do futebol ou autoriza dizer nos jornais que os dirigentes corintianos “precisam apanhar de vara de marmelo”.

Como se sabe, vara de marmelo é doída, verga, mas não quebra. Era usada para punir os moleques. Todé deve saber o que fala. É a primeira vez que vejo tão baixo nível de tratamento. Os diretores do Parque São Jorge chegaram ao fundo do poço. Ao fundo do poço, da casa da Mãe Joana.

Deus salve o Corinthians.

 

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