A volta de Vampeta ao Corinthians obriga o torcedor brasileiro a
analisar o futebol de uma outra maneira. O baiano, quando jogava no
Parque São Jorge, atuava bem e se projetou.
Em um ano, foi o atleta que mais jogos disputou pelo Timão. Saiu de férias e depois de poucos dias de descanso, de novo se reintegrou a equipe, seguiu em frente, jogou, jogou, jogou.
Depois, foi convocado para a Seleção Brasileira, virou titular do time nacional, virou também a cabeça. Ficou rico, pediu para ir embora. De lá para cá nunca mais jogou bem. Fez uma, uma só, grande partida, aquela contra a Argentina, no Morumbi. O Brasil ganhou, ele fez dois gols.
Foi para a Inter, de Milão, onde esquentou o banco, não passou de um reserva de luxo, nada além disso. Forçou a barra, voltou ao Brasil, jogou no Flamengo. Jogou, maneira de dizer. Tentou jogar. Jamais se firmou como craque no Rio de Janeiro.
Ainda assim, prestigiado na Seleção Brasileira, foi arrastado junto com a mediocridade do time. Nessas suas andanças perdeu prestígio e dinheiro. Dizem que no Flamengo levou o maior “cano”. Trabalhou e não recebeu.
Agora está tudo acertado para sua volta ao Parque São Jorge. Outro dia, ouvi Vampeta falando de sua terra natal, Nazaré das Farinhas, sobre a atual situação do futebol brasileiro.
Reconheceu que os jogadores têm que fazer uma revisão de salários. Melhor ganhar menos e receber no fim do mês. Vampeta talvez represente a atual verdade sobre o futebol brasileiro. Os clubes estão quebrados, não têm um tostão. Quem quiser jogar, que diminua o salário. Os jogadores estão começando a perceber como vive o trabalhador comum brasileiro, que não é outro senão o torcedor de futebol. No caso específico de Vampeta, vale o ditado: “A dor ensina a gemer”.