Pelas linhas mal traçadas e incompreensíveis do destino, um dia Ronaldo foi chamado de Fenômeno. Nunca consegui descobrir a razão do apelido. Como diria a cigana Sandra Rosa Madalena, as linhas de sua mão mostraram que sua caminhada no futebol seria de glória e de dor.
Seu rosto de menino pobre encantou a todos, até aos que nunca se importaram com o futebol. Seus gols envolveram os torcedores adultos. O jogador virou então um veículo de marketing de primeira linha, uma marca registrada, sinônimo de sucesso de vendas, de chuteiras, calções, camisas, produtos de primeira e bugigangas.
Tanto dinheiro obrigou Ronaldo a inúmeros compromissos sociais. Passou a viver mais em solenidades e coquetéis que nos campos de treinamento. Um joelho usado precocemente não agüentou. Médicos, preparadores físicos, treinadores despreparados se encarregaram do resto. A história todo mundo sabe.
Ronaldo fez a sua última partida pela Seleção Brasileira no dia 9 de outubro de 1999, portanto há 28 meses. Foi num empate contra a Holanda, 2 a 2, em Amsterdã. Na quinta-feira, no Rio de Janeiro, o atleta deu uma entrevista coletiva. Como sempre, despreparado e sem orientação, desnorteado, respondeu perguntas falando o óbvio. Deixou escapar uma oportunidade de ouro para se posicionar, argumentar, contar o que acontece na dura batalha pela recuperação do estado atlético.
Por ironia, um rosto ainda inchado pela extração de um dente, que segundo um gênio, vai lhe devolver o futebol. Para se distrair, comprou um carro importado por 160 mil reais. Parou na contramão e foi multado em 150 reais. De quebra, vai ser examinado pelo Dr. José Luiz Ronco, um médico sério e capaz. Ah! Depois, Ronaldo vai ver o desfile de carnaval no camarote da cervejaria ao lado de Luiz Felipe Scolari, afinal, ninguém é de ferro.