Hoje, com tristeza, li as notícias e comentários sobre a morte do ex-jogador Zizinho, mestre de várias gerações. Fiquei buscando na memória quem poderia ter conhecido mais de perto o ex-craque e cidadão Thomas Soares da Silva. Lembrei-me então de Gérson, o incomparável “canhota de ouro” do
nosso futebol. Mesmo com receio de me tornar inconveniente, resolvi tomar a
liberdade de escrever de público uma carta ao “papagaio”,
matando um pouco de saudade.
“Querido Gérson. Faz tempo que não nos encontramos. Acho que vai até
ficar surpreso com estas linhas. Imagino como você deve estar triste com a morte do Zizinho. Afinal, vocês, além de amigos, eram vizinhos aí em Niterói. Imagino que deveriam ter uma convivência mais estreita.
Eu me lembro, meu prezado Gérson, que na Copa de 94, nos Estados Unidos, nos tornamos bons amigos. Recordo que quando você falava de Zizinho, o fazia com carinho, respeito e admiração. Um dia você me confidenciou que se no Brasil algum jogador, um dia, jogou mais do que Pelé, esse atleta tinha sido o mestre Ziza.
Confesso que na hora fiquei espantado. Nunca mais esqueci o episódio. Notei que você admirava a técnica, a inteligência e a coragem de Zizinho. Era um jogador macho, craque que não fugia da bola dividida. Nunca vi o Zizinho jogar. Quando ele foi campeão em 1957, pelo São Paulo, eu emprestava o meu jovem futebol ao glorioso juvenil do Hepacaré, de Lorena.
Tempos depois, Gérson, enquanto você estava concentrado, em 1970, para a
Copa do México, fizemos um jogo entre jornalistas brasileiros e mexicanos na
capital Asteca. O Ademir, que era comentarista da emissora Continental, foi
o centroavante, e Zizinho, então comentarista do Jornal dos Esportes,
brincou na meia-direita. Na ponta direita estava, claro, esse seu amigo.
Como você vê, eu também já estive lá.
Lembranças à parte, para mim vale a sua opinião sobre o Zizinho. Sabe, meu
amigo, hoje fico pensando como a CBF nunca chamou o Zizinho para perguntar
sua opinião sobre o futebol brasileiro. Tanto pilantra e enganador já
mereceu maior consideração daquela entidade. Se fizeram isso com o Zizinho,
imagine com os outros ex-jogadores. No enterro do mestre Ziza, não
compareceu um representante da CBF. Deviam estar curtindo a ressaca do
carnaval. É um bando de cafajestes!
Prezado Gérson, qualquer hora a gente se cruza por aí. Cá à distância, fico
contente de saber que está tudo bem com o amigo, sua filha, seu neto e D.
Maria Helena. Meu respeito e admiração por você continuam a cada dia maior.
Precisamos conversar para eu tomar algumas aulas sobre futebol”.
Do amigo Juarez.”