A cada ano que passa, a cada partida, Oscar se supera. Neste domingo,
um dia após completar 44 anos, ele atingiu a impressionante marca de 50
pontos na vitória do Flamengo por 117 a 71 sobre os catarinenses do
Bandeirante, pela quinta rodada do Campeonato Nacional.
Você pode achar que o time de Brusque é um saco de pancadas. Afinal,
venceu apenas um dos cinco jogos disputados até agora. Mas fazer 50 pontos
numa partida não é para qualquer um, muito menos para quem já pode começar a
fazer curso para avô.
A marca de Oscar apenas confirma sua condição de maior cestinha da
história do basquete brasileiro. No atual campeonato, ele é o único com
média acima dos 30 pontos (34.2). É também o líder em média de cestas de
três pontos: em cinco jogos, acertou 27; só perde no total para o armador
Helinho, do Vasco, que acertou 29 em sete partidas.
O curioso na atual fase de Oscar é que sua performance nem sempre
significa sucesso para o time. Em colunas anteriores, apontei (e fui muito
criticado por alguns internautas) os privilégios que são dados ao cestinha
na equipe do Flamengo. Situação que favorece sua fome por cestas, mas
corrompe as chances de vitória do time.
Nas cinco partidas que disputou, o Flamengo só venceu duas. Além do
Bandeirante, bateu outra equipe fraca, o Campos. As três derrotas foram para
times bem montados e que sonham longe neste Brasileiro: Mogi, Bauru e
Fluminense.
O problema no Flamengo é o dilema em torno de Oscar. Como abrir mão
de um jogador que garante pelo menos 30 pontos por partida? Por outro lado,
como permitir que alguém aos 44 anos fique na quadra sem condições de ajudar
na marcação, facilitando a vida dos adversários?
Esse é o preço que o Flamengo aceitou pagar. É inegável a capacidade
de pontuação de Oscar. Mas se suas "mãos santas" continuam afiadas, o mesmo
não se pode dizer de suas pernas e pulmões. Com ele, o time é extremamente
vulnerável na defesa.
Antes de se completar a rodada deste domingo, o time carioca tinha a
terceira pior defesa do campeonato. Apenas dois times haviam sofrido mais
cestas: o Bandeirante e o Vasco - que disputou dois jogos a mais.
Os maiores críticos de Oscar podem dizer que se trata de mais um ação
egocêntrica do jogador. Afinal, em toda sua carreira, não foram poucos os
que o chamaram de fominha. Nos últimos jogos de sua carreira, ele não quer
perder a chance de marcar o máximo de pontos possível.
Para esses críticos, outro dado importante: mesmo quarentão, Oscar é
quarto jogador do Nacional que fica mais tempo em quadra, com média de
37min06s por partida (Marcelinho, do Fluminense, é quem joga mais, com
39min18s).
Deixo claro que não estou entre esses críticos. Mas acredito que o
Flamengo deveria dosar melhor as forças de Oscar. Ele não precisa ficar
tanto tempo em quadra. Poderia ser guardado para os momentos mais
importantes, sem gastar sua tão preciosa e rara energia.
Se o time rubro-negro for capaz de encontrar esse equilíbrio, poderá
proporcionar a Oscar não só a chance de terminar o campeonato mais uma vez
como cestinha, como também lutar pelo título. Do contrário, só Oscar terá o
que comemorar no Flamengo ao final da competição.