Recebo do cestinha Oscar uma simpática mensagem, em resposta à coluna
anterior, em que defendi a sua convocação para o Mundial de Indianápolis.
Ele não quer ir. Diz que sua missão com a camisa verde-e-amarela já acabou.
E não aceitaria, mesmo se fosse chamado.
Oscar não diz abertamente, mas acredito que ele também não quer
comprar uma nova polêmica com o técnico Hélio Rubens ou com a Confederação
Brasileira de Basquete. É uma atitude também louvável, já que alguém poderia
imaginar que ele estaria brigando para roubar um lugar.
Ora, aos 44 anos, com seu currículo invejável, Oscar não precisa
provar mais nada. Como escrevi, mais do que um merecimento por se tratar do
maior cestinha da história do basquete brasileiro (e do atual Campeonato
Nacional), seria uma justa homenagem. Imagine Oscar encerrando a carreira em
Indianápolis, onde conquistou o histórico Pan-Americano de 87!
Se não será possível tê-lo como jogador, a Seleção Brasileira
poderia, então, organizar uma homenagem a Oscar na terra dos Pacers e da
Indy-500. Nada mais justo. Fica aqui mais esta sugestão.
A seguir, a mensagem enviada por Oscar:
"Caro Fernando Santos,
Escrevo para agradecer as gentis palavras na coluna 'Oscar no Mundial'.
Fiquei bastante lisonjeado com sua 'idéia' de disputar o Campeonato Mundial
de Indianápolis, mas Seleção Brasileira já não faz parte da minha carreira
há quase seis anos e, daqui a poucos meses, estarei vendo o próprio basquete
do lado de fora das quadras. Torço muito para que o Brasil faça uma bela
campanha nos EUA, que brigue por medalhas e, quem sabe, repita o feito
daquele time fantástico com que tive o prazer de ser campeão em 1987. Estou
torcendo muito para que isso aconteça.
Encerrei meu ciclo na Seleção Brasileira após as Jogos Olímpicos de
Atlanta-96 e não vou dizer que não sinto saudade, mas acho que já dei minha
contribuição. Tive uma longa e feliz passagem mas meu tempo de Seleção já
passou. Acho que o Brasil está com uma safra muito boa de jovens jogadores
que podem representar bem nosso país. Jovens como Marcelinho (Fluminense),
Dedé (Flamengo), Nenê (Vasco), Ânderson Varejão (Barcelona/Espanha),
Jefferson (Ribeirão Preto), para citar alguns que estão brilhando nesse
Campeonato Nacional e podem formar um grupo muito forte jogando ao lado de
jogadores mais experientes como Ratto, Rogério e Janjão, por exemplo.
Voltar a Indianápolis seria especial, seria maravilhoso. Tenho algumas das
melhores lembranças da minha vida, vivi momentos bonitos da minha carreira
lá, mas só volto a Indianápolis a passeio ou como torcedor. Mesmo que
recebesse um convite, não poderia aceitar. Ficaria extremamente orgulhoso,
mas não aceitaria. Esse Nacional será a minha última competição oficial como
jogador e todos os meus esforços estão concentrados na luta para ajudar o
Flamengo a conquistar o título brasileiro, ainda inédito para o clube. Estou
torcendo muito pelo Brasil, não poderia ser diferente, e acho que temos
todas as condições de conseguir um grande resultado em Indianápolis.
Grande abraço,
Oscar Schmidt"