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Fernando Santos
Domingo, 17 Março de 2002, 15h22
terraesportes@terra.com.br

O discreto adeus


O maior cestinha da história do basquete brasileiro fez sua última apresentação oficial em São Paulo quase no anonimato. Por muito pouco não passou em branco. Mais uma prova de que este é um país de memória curta e que presta poucas homenagens a seus ídolos.

Para os esquecidos, Oscar não deu bola e fez uma despedida digna de um gigante das quadras. Marcou 44 pontos e levou o Flamengo à vitória sobre o Hebraica, na manhã histórica desde domingo. O público compareceu, assim como um outro mito, o eterno Rosa Branca, que, com sua presença, foi a maior homenagem que o cestinha poderia ter recebido.

O Hebraica tentou entrar no clima ao entregar uma placa a Oscar durante a partida. Mas nada que fosse capaz de mudar o clima entre os torcedores, que passaram toda a partida pegando no pé do ídolo em despedida.

A repórter Maristela Mattos, do diário LANCE!, relata um fato curioso. Oscar foi chamado pelos torcedores de Romário. O motivo: o cestinha, aos 44 anos, caminhava em quadra e ficava a maior parte do tempo parado próximo ao garrafão. Exatamente como o baixinho atacante do Vasco, conhecido pela fama de ficar parado na área à espera da bola para o toque fatal.

E foi assim que Oscar liquidou o Hebraica. O velhinho respondeu com cestas e mais cestas à provocação da torcida, que fez o seu papel, ao tentar desequilibrar a principal arma do adversário. Não adiantou, como nos muitos anos em que o cestinha brilhou no basquete paulista.

Mackenzie, Palmeiras, Sírio, Corinthians, Bandeirantes, Barueri. Oscar tem muitos motivos para se orgulhar de alguns dos maiores momentos de sua carreira. Pena que aqueles que hoje ditam as regras do basquete não pensam assim.

A comparação é exagerada, mas vale lembrar. Há quatro anos, quando Michael Jordan já ensaiava sua segunda retirada das quadras, Atlanta prestou uma grande homenagem ao rei. Naquele que seria o último jogo de Michael na cidade, a partida entre o Hawks e o Chicago Bulls foi transferida para o gigantesco estádio Georgia Dome, usado pelo time de futebol americano do Atlanta Falcons. Mais de 60 mil compareceram, o que até hoje é o maior recorde de público da história da NBA.

Em São Paulo, não custaria nada ter organizado uma festa parecida, guardadas as devidas proporções. Seria pedir muito badalar a partida por uma semana e jogar no ginásio do Ibirapuera, onde o cestinha brilhou tantas vezes, não apenas por clubes como também pela Seleção Brasileira?

Ficou, ao menos, a plaquinha do Hebraica. Com certeza, no Rio será diferente, mesmo diante da caótica situação administrativa do Flamengo. Mas nada que possa diminuir uma justa e grandiosa despedida a Oscar.

 

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