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Juarez Soares
Quinta-feira, 28 Março de 2002, 16h00
terraesportes@terra.com.br

Dúvidas persistem


Nunca cometi uma blasfemia , católico que sou, mas a cena de quarta me trouxe à mente uma passagem bíblica. Ao ver, na entrevista coletiva, Felipão tendo ao seu lado Ronaldo e Luizão, a lembrança foi inevitável. Só faltou a frase: “Lembrai-vos de mim quando estiverdes no paraíso”.

Parece que até ouvi ao longe o eco que, ricocheteou pelas paredes da sala de imprensa: “Em verdade vos digo, que estarão comigo na Copa”. E assim será feito. Tanto Luizão, como Ronaldo estarão na lista oficial dos 23 brasileiros que disputarão a Copa. Scolari, um treinador de atitudes às vezes grosseiras, às vezes infantis, quarta foi malicioso, maquiavélico e esperto.

Levando os dois atacantes para ficar com ele lado a lado, quis enterrar publicamente as chances de Romário ir para a Copa. O técnico chegou a falar, sem querer, querendo, que os dois poderiam até atuar juntos no mesmo ataque.

Foi mais longe, ao responder que Luizão joga mais presente na grande área e Ronaldo, pode girar mais em torno dele. Aliás, Scolari nunca esteve tão feliz em uma entrevista coletiva. Ao invés do característico, mau humor, sorriu, fez gracinhas, só não bebeu guaraná. O Brasil quarta jogou uma boa partida.

Seu adversário, sem nenhuma força ofensiva, foi no entanto um time experiente, bem fechado na defesa. O teste valeu. Felipão continua com dúvidas. Mudou o esquema três vezes. Foi a dança dos números 3-5-2 ou 4-3-3 ou 4-4-2. Amistoso é para isso mesmo. O que importa é a diferença de estilos no meio campo. Djalminha entrou fez dois lançamentos de 30 metros e saiu o gol. Ele é diferente de Denílson, que é diferente de Juninho, que é diferente de Ronaldinho Gaúcho. Ainda sobra Alex, o queridinho do treinador. A Seleção vai se formando. Não é sem tempo. Afinal, faltam 64 dias para a aventura da Copa. Será que Felipão sabe disso?

 

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