O jogo entre São Paulo e Vasco serviu para mostrar mais uma vez o atual estágio do futebol brasileiro. Escancarou o imenso vazio que existe na administração do esporte preferido por todos. Nenhum torcedor, nem o mais fanático, é capaz de indicar e distinguir um dirigente sequer, um só, que seja ao mesmo tempo capaz e honesto.
Parece ironia, brincadeira de mau gosto, mas na vastidão do país, na multidão sofrida de mais de 100 milhões, não surge nenhum brasileiro ligado ao futebol que inspire e transmita aos torcedores um mínimo de credibilidade. Tudo pode, tudo é permitido, aos clubes mais fortes. Regulamentos, como esse do Rio-São Paulo são feitos, anunciados com itens depois desmentidos.
O calendário quadrienal anunciado com pompa e estardalhaço, já foi rasgado, ridicularizado. E os que anunciaram o fato em Brasília entre beijos e abraços e fotografias estão por aí, soltos lampeiros, descarados. Eles acordam, tomam banho, escovam os dentes, olham para os filhos, com eles almoçam, como se nada tivesse acontecido, como se compromissos não tivessem sido assumidos publicamente. É uma gente sem palavra, nem compostura.
Zombam dos torcedores, como se eles não tivessem memória, cérebro, inteligência. É conveniente relembrar o filósofo Diógenes que saía à luz do dia pelas ruas de Roma com uma lanterna na mão à procura de um cidadão honesto. Um só. Seria bom se pudéssemos todos nós, fazermos a procissão das lanternas à procura de um dirigente honesto.
Enquanto isso, Vasco e São Paulo servem para mostrar como estão abatidos os esquecidos de Felipão. França, Romário, Kaká e Belletti jogaram quase nada. Parece que perderam a esperança de ir à Copa. Enquanto isso, Euller voava pela ponta direita, arrumava um pênalti detonando pela ponta esquerda. Ainda assim Romário fez mais um gol. Este ano, jogou 18 vezes pelo Vasco, marcou 18 gols. Nem assim vai para a Copa.