De onde vem essa energia, essa força popular, que reúne as pessoas, que as impulsiona a difundir um ponto de vista com tamanho entusiasmo quando se trata de futebol?
Nosso país, poucas vezes foi um país de revoluções. Foi isso sim, um país de golpes consentidos. Quando se trata da escória que dominou o país e ajudou a escrever nossa história por linhas tortas, aí o povo sofreu, quase sempre calado. Mas aprendeu.
Ah! Mas quando se trata do futebol. Aí tudo é diferente. Fazemos nossas revoluções regionais, passionais, nas ruas, nas esquinas, nos bares. Abençoados pela cerveja, encontramos soluções espetaculares. Vejam agora no caso do Romário. É quase um clamor nacional.
Vontade dirigida, dirão alguns. Mas dirigida por parte do povo, cuja vontade deve ser soberana. Senão, como explicar que uns poucos revolucionários da bola perseguissem o técnico Scolari, pela rua, atropelando o treinador?
Dizem que foram uns poucos trinta metros, a caminhada do sofrimento, ou da humilhação. Felipão não foi Felipão. Foi Felipinho; andou às pressas, quase correu, respirou aliviado quando abriu a porta do carro. Foi salvo pela moderna tecnologia que criou o automóvel.
O que isso quer dizer? Isso significa que são infelizes os que desprezam o clamor da vontade popular. Menosprezam a inteligência do torcedor. Pode ser que a demonstração da rua da Alfândega tenha decretado de vez a sorte de Romário. Agora mesmo é que ele não será convocado. Querem me pressionar, me dar uma carreira. Dane-se o torcedor! Eu digo não.
Pode ser que daqui para o futuro nunca mais uma só pessoa terá a responsabilidade, de convocar a Seleção Brasileira. Terá que dividir com outros cabeças, outros técnicos, outros profissionais. Resta a Felipão fazer como Zagallo que em 1970 no México gritou aos quatro ventos: “ Pois bem, aí está o time do povo”. E o time do povo foi campeão. Scolari poderá urrar: “Aí está o centroavante do povo”. Se a história não mente, depois é só correr para o abraço. Para o título de campeão.