Dizem que toda vez que a Seleção sai do Brasil debaixo de muita crítica se
dá bem. Foi assim em 58, na Suécia, em 62 no Chile, em 94 nos Estados
Unidos. Então, como fica nosso time que já chegou em Kuala Lampur?
Essa delegação deixou o aeroporto do Rio num clima tranqüilo. Até uns
torcedores mais assanhados aplaudiram os jogadores, cantaram o hino, enfim,
respirou-se até uma atmosfera de desejos de boa sorte. Então, essa inocente
tradição, essa correlação entre vaia e aplauso não está valendo. O técnico
Felipão vai ter mesmo é que resolver outros problemas.
Primeiro, prestigiar o goleiro Marcos, que deve estar vivendo um inferno
astral. Tudo por culpa de uma má reposição de bola e por causa do gol que
sofreu. Vamos com calma! Antes de o goleiro levar o gol, a bola foi cruzada
da ponta esquerda. O homem que deveria fazer a marcação para evitar esta
jogada, falhou.
Em seguida, a bola viajou uma longa trajetória para cair
atrás da zaga brasileira. O jogador da Catalunha cabeceou livre de marcação,
preparando a jogada para o cara que fez o gol. Um erro como esse num jogo
válido pela Copa do Mundo será mortal. Depois veio o toque definitivo do
goleiro, que teve reflexo, mas não levou sorte.
A falha não foi só de Marcos. Felipão tem uma banana para descascar. Se
retirar Marcos do time titular para testar outro goleiro vai dar a impressão
de que seu preferido foi culpado. Acho isso uma besteira. Falha como essa
não deve levar ninguém ao inferno.
Pior são as notícias de que os jogadores querem discutir o mais rápido
possível o prêmio que será pago em caso de conquista do título. A galera não
quer aceitar 5% do valor a que a CBF terá direito se o Brasil for campeão.
Cafu, o capitão renegado da Seleção, trabalhou para acalmar os ânimos. Esse
assunto não deveria existir às vésperas da estréia do Brasil. O problema
deveria estar resolvido há muito tempo. Essa notícia surge como sendo de um
velho filme já visto, revisto, analisado. Aparece como um jornal de ontem,
que já foi lido, relido, não serve mais.
Felipão precisa usar sua autoridade
ou sua simpatia, afinal, ele é o paizão ou o xerife? Já ia me esquecendo:
ele não disse que a Seleção era uma família? Família gananciosa também briga
por dinheiro. Ah, bom!