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Fernando Santos
Sábado, 29 Junho de 2002, 20h58
terraesportes@terra.com.br

Oscar: adeus e sujeira


A despedida de Oscar foi digna da atual fase do basquete brasileiro: uma vergonha. Uma arbitragem confusa, uma organização inexistente, falta total de comando. O maior jogador brasileiro dos últimos 40 anos não merecia isso. O basquete brasileiro, sim.

Oscar sempre foi inimigo dos árbitros, portanto não foi surpresa terminar a carreira assim. Há até quem fale em uma vingança dos juízes, depois de tudo o que ouviram do Mão Santa nos últimos 20 e poucos anos. Falou-se até mesmo numa armação da CBB, que vê no agora ex-jogador um foco de oposição num futuro próximo.

Por que o espanto? Oscar passou anos e anos fora do país, brilhou na Itália e na Espanha, e retornou para encontrar a mesma estrutura dos tempos em que jogava no Palmeiras ou no Sírio. Nada mudou, pelo contrário, só piorou.

Mas abandonar a quadra já é demais! Oscar sempre foi valente, um exemplo a ser seguido, um raro ídolo num esporte em decadência. A atitude foi desesperada, impensada, e que ficará marcada. Foi um momento de covardia numa carreira vibrante.

Uma decisão que dividiu o próprio Flamengo. O técnico Miguel Ângelo não aceitou o pedido do jogador, e tentou retomar a partida. Já era tarde. Não só o jogo havia sido encerrado, como também uma das mais brilhantes carreiras de um esportista.

Oscar deixou o basquete devendo 3 minutos e 50 segundos. Era o tempo que restava para fechar o álbum de ouro de um cestinha invejável, do maior pontuador em Olimpíadas. Mas, como em tantas outras ocasiões, Oscar se deixou levar pela emoção infantil. Sentiu-se acima do bem e do mal.

A decisão pode até mesmo ser usada no futuro, como acreditam setores da direção da CBB. Um gesto para marcar a ruptura da situação atual. Um marco para uma revolução no basquete brasileiro? Oscar, de ídolo a mártir?

É possível. Após a partida, Oscar insinuou uma armação e um esquema de arbitragem. Disse que há árbitros e parentes de árbitros trabalhando para patrocinadores de equipes. Denúncia grave e semelhante à feita pelo técnico Miguel Ângelo, ainda na quadra. Ele afirmou que, como o Ribeirão recebe diversas seleções de base, e até a principal, existe um "desejo" da CBB que o time siga em frente no torneio.

Sujeira para todo o lado. Resta a Oscar, agora, ao menos impedir que a atitude deste 21 de maio não tenha sido em vão. Que ele lute para mudar esse quadro, para que os jogadores do futuro não tenham que se lembrar do dia que o Mão Santa fugiu da quadra. Que lembrem do dia que o basquete começou a mudar.

Cabe também à CBB limpar tudo o que foi jogado no ventilador. Existe esquema de arbitragem? Até que ponto os patrocinadores ditam o rumo do campeonato? Oscar falou a verdade? Aqueles que ainda acreditam no basquete merecem uma explicação.

Lakers x Kings

A série "final" da NBA promete. O Lakers conseguiu reverter o mando de quadra, mas encerrou uma seqüência que chegou a 12 vitórias fora de casa. O Kings agora vai a Los Angeles, e está invicto como visitante nos playoffs: em quatro jogos, ganhou todos. Sexta-feira tem mais! E quem curte basquete no Brasil, cada vez mais é obrigado a se ligar na NBA. Por que será?

 

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