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Juarez Soares
Quarta-feira, 05 Junho de 2002, 22h10
terraesportes@terra.com.br

A paixão e o juiz


O futebol no Brasil é uma paixão. A frase é corriqueira, comum, banal, não contém nada de extraordinário. Seria assim, não fossem os últimos estudos, em que os pesquisadores e cientistas se envolvem buscando argumentos, para explicar o grande mistério, desse delicioso e estranho sentimento que é a paixão. É uma tentativa vã. Paixão não se explica, ela é sentida e pronto.

Abençoados os apaixonados. Ela vem em forma de tormenta, de alucinação tempestade pura, fúria de ventos. A paixão dura pouco, consome, arrebata. No futebol, ela dura noventa minutos. Durante os jogos da Seleção na Copa do Mundo somos milhões e milhões de apaixonados. Ficamos todos, quase cegos, desvairados. Se não como explicar que todo torcedor aceite ganhar um jogo de qualquer maneira, a qualquer custo e preço, mesmo tendo que aplaudir um erro grosseiro com tanto que seja a nosso favor? Foi assim que aconteceu no primeiro jogo do Brasil na Copa.

Um juiz coreano na simplicidade de sua insensatez errou várias vezes durante a partida. E quando parecia decretado um empate, sua senhoria marcou de forma equivocada um pênalti que deu a vitória ao time brasileiro. Encurralada pela frieza das imagens, fiscalizada pelas dezenas de câmaras que a moderna tecnologia impõe, a televisão contrariada e a contragosto balbuciou que a jogada fora irregular.

Eu vi, você viu, o mundo inteiro viu, e o Brasil ganhou seu primeiro jogo. Daí para frente, foi um desfiar de justificativas na fugaz ilusão de explicar que mesmo assim, o Brasil mereceu ganhar o jogo. Que ganharia de qualquer maneira. E a legião de torcedores concordou.

Em todas as pesquisas, de todas as maneiras que a pesquisa foi feita, só houve uma resposta: “nosso time ganharia o jogo de qualquer jeito”. Mas que matemática é essa que mostra a diferença de apenas um gol? Não houvesse o pênalti, não haveria o segundo gol. A partida terminaria empatada. Tanto assim que não existiram, o segundo, o terceiro, o quarto gol. Só nesse caso o raciocínio seria lógico.

Seria justo dizer ganhamos de graça a penalidade, mas a Seleção fez outros gols legítimos de forma correta e honesta. Mas não foi isso que aconteceu. Dizem que a voz do povo é a voz de Deus, de um povo apaixonado, é claro. Será também aquele simpático juiz coreano apaixonado pelo Brasil?

 

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