Em nove anos assistindo regularmente a jogos da
NBA, e há pelo menos 14 acompanhando os resultados da
liga, não me recordo de nenhuma partida com apenas um
time na frente do placar durante todo o tempo. Muito
menos em uma final. Pois só isso é suficiente para
mostrar a diferença entre Los Angeles Lakers e New
Jersey Nets, a decisão mais baba da história.
Se o primeiro jogo da final foi um bom treino, o
dois foi uma grande piada. O Lakers jamais esteve atrás
no placar. Liderou desde o início, e raramente foi
ameaçado. Como aconteceu na partida de abertura da
série, chegou a abrir 20 pontos, puxou o freio de mão,
permitiu uma reação e depois tratou de acabar com a
brincadeira. No final, fácil vitória por 23 pontos de
vantagem (106 a 83).
Foi mais uma noite de diversão para Shaquille
O'Neal, que poderia até mesmo ter batido o seu recorde
de pontos em playoffs, se tivesse levado a partida um
pouco mais a sério. Ele terminou com 'apenas' 40 pontos.
Quatro a mais do que na partida anterior, confirmando a
tese de que seria impossível para o Nets detê-lo.
Resta agora ao time de New Jersey terminar a
decisão da forma mais digna possível. Os próximos dois
(ou três) jogos serão na casa do Nets, onde o técnico
Byron Scott terá que descobrir uma fórmula milagrosa
para impedir a "varrida". Talvez a maior, e única
esperança da equipe, esteja no apoio emocional de sua
torcida. É o que resta após duas surras.
E o Lakers ainda tem reservas. Jogou com enorme
tranqüilidade as duas primeiras partidas, num clima
completamente diferente dos playoffs na Conferência
Oeste. Não é preciso nem mesmo fazer qualquer tipo de
comparação com os dramáticos jogos contra o Sacramento
Kings.
Para o time de Los Angeles, resta a tarefa de
encomendar as faixas, ou melhor, os anéis de
tricampeões. E já começar a pensar na próxima temporada.
Decisão caseira
A final do Campeonato Nacional promete ser mais
emocionante do que na NBA. Araraquara e Bauru iniciam
neste domingo a decisão, sem um favorito aparente. Mas
com um grande inconveniente: não bastasse fazer jogos
simultâneos com as finais nos EUA, ainda concorre com a
Copa do Mundo de futebol.
Não poderia ter sido pior a 'visão' de marketing
da Confederação Brasileira de Basquete. Que a NBA, e os
norte-americanos, não ligam a mínima para o futebol, vá
lá. Mas justo no Brasil, querer chamar a atenção numa
época dessa é brincadeira! E bem agora, quando o
basquete brasileiro começava a demonstrar um pouco de
evolução.
Fora as duas cidades envolvidas na decisão, o
Nacional corre o risco de terminar em completo anonimato.
A revolta de Nenê
Prestes a fazer história no draft da NBA, o pivô
Nenê não escondeu a sinceridade. Em entrevista que está
no site da liga, ele declarou que a Seleção Brasileira é
apenas a sua terceira prioridade no momento. Primeiro, é
conseguir a tão sonhada vaga no melhor basquete do
mundo. E em segundo vem a sua família.
Nenê disse ainda que o Brasil "nunca lhe deu
nada", que tudo o que conquistou foi pelo esforço
próprio. Declarou também que não há nenhum contrato com
o Vasco que o impeça de ser escolhido no draft do dia
26, em Nova York. O clube ainda insiste que tem acordo
com o pivô até 2003, apesar de meses e meses de salários
atrasados, que provocaram a ruptura.
Em entrevista ao diário Lance!, o técnico da
Seleção Brasileira, Hélio Rubens, deu apoio a Nenê.
Disse que ele está certo em priorizar sua carreira na
NBA. O treinador sabe que precisa contar com Nenê no
futuro, como no Mundial de agosto, em Indianápolis. E
não é hora de partir para um confronto, que só traria
prejuízos para a própria seleção. Afinal, hoje não dá
para montar uma equipe nacional sem Nenê.