A Copa do Mundo sempre apresenta duas realidades. Sempre
é duro enfrentar a frieza daquilo que é real. Portanto,
nada mais justo que a torcida brasileira coloque o bloco
na rua para comemorar a vitória do Brasil. Nem adianta
lembrar que o juiz anulou um gol legítimo da Bélgica
quando o jogo estava 0 a 0. A televisão mostrou o
lance com nitidez. No caso, só dizendo como Nelson
Rodrigues: “Este vídeo-teipe é burro”.
Nem sei se vale a
pena relembrar nossos problemas dentro do campo, se a
vitória nos sorriu com 2 a 0. A Seleção ganhou e
pronto. Apenas é bom lembrar que se o goleiro Marcos foi
o melhor jogador do Brasil, é porque alguma coisa saiu
errada.
Mas será que não sobrou nada de bom? Claro que
sim. Achei corajosas as atuações de Roberto Carlos e
Cafu, que sempre se apresentaram dando uma quase
irresponsável opção de ataque. Além disso, é digno
lembrar a dolorosa missão de Ronaldo italiano, que lutou
quase sozinho, perseguindo o gol, com franciscana
humildade, metido no meio da defesa belga, até que
conseguiu.
Como o grau de dificuldade aumenta a cada
partida, o que falta, então, para a Seleção Brasileira
seguir vitoriosa na Copa? Falta uma inteligente e
indispensável autocrítica para depurar defeitos e
qualidades. Ao invés do raciocínio elementar de reclamar
das críticas, bom seria admitir a necessidade urgente de
corrigir os equívocos que não são poucos.
Fomos
premiados no jogo contra a Turquia e favorecidos na
partida contra a Bélgica, com benevolentes atuações de
árbitros desconhecidos. No futuro pode ser que aconteça
da Seleção cometer um erro fatal e não aparecer um apito
amigo, como foi até agora. Nesse caso não teremos mais a
alegria de acordar de madrugada para torcer pela nossa
Seleção.