O amor que o povo brasileiro tem pelo futebol é puro, sincero,
desinteressado, honesto. A torcida sublima essa emoção porque dá
muito mais do que recebe. Cada um, e todo torcedor no seu meio, no seu
bairro, na sua cidade, na sua comunidade contenta-se com a alegria de
aplaudir, vibrar, sorrir ou chorar.
Domingo vai ser assim. A cada minuto, depois de cada lance, o torcedor vai
jogar junto com a Seleção. Vai defender, chutar, atacar com o time em busca
do gol. Estaremos todos em campo, e, quando a vitória se consumar, vamos
comemorar sentindo o doce sabor inigualável do sucesso conseguido, reservado
a poucos países eleitos.
Será o máximo! Essa Copa marca um divisor de águas, estabelece limites,
guarda proporções conscientes do amadurecimento do torcedor brasileiro.
Quando o Brasil se tornar campeão mais uma vez o povo fará um imenso
carnaval. A diferença está no fato de que hoje cada brasileiro sabe que o
futebol, mesmo em caso de vitória, não vai resolver todos os nossos
problemas.
Talvez por isso a conquista do título terá um sabor diferente do sucesso. Só
que passado o baile fantástico das comemorações, voltaremos à nossa
realidade. Nossa gente acordará ao raiar do novo dia com a faixa de campeão.
É provável, então, que todos teremos mais força para lidarmos com a realidade e as dificuldades do dia-a-dia.
Acho que hoje o brasileiro que adora o futebol sabe que a Seleção não é a
pátria de chuteiras, não é a redenção de todos os nossos problemas. É, isso
sim, um jogo, um esporte, no qual somos os melhores. Já provamos isso por
quatro vezes.
Aos jogadores, aplausos e reconhecimento. É bom ser vencedor. Espero que a
conquista de um novo título signifique o oxigênio que vai revigorar nossa
crença em dias melhores. Se é possível no esporte, é possível na luta do
cotidiano.
Seremos então um país, um povo campeão, adulto, consciente, sabedor de que
novas conquistas serão possíveis. Afinal, todos sabemos que viver é lutar.