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Juarez Soares
Sábado, 29 Junho de 2002, 01h06
terraesportes@terra.com.br

O fim da pátria de chuteiras


O amor que o povo brasileiro tem pelo futebol é puro, sincero, desinteressado, honesto. A torcida sublima essa emoção porque dá muito mais do que recebe. Cada um, e todo torcedor no seu meio, no seu bairro, na sua cidade, na sua comunidade contenta-se com a alegria de aplaudir, vibrar, sorrir ou chorar.

Domingo vai ser assim. A cada minuto, depois de cada lance, o torcedor vai jogar junto com a Seleção. Vai defender, chutar, atacar com o time em busca do gol. Estaremos todos em campo, e, quando a vitória se consumar, vamos comemorar sentindo o doce sabor inigualável do sucesso conseguido, reservado a poucos países eleitos.

Será o máximo! Essa Copa marca um divisor de águas, estabelece limites, guarda proporções conscientes do amadurecimento do torcedor brasileiro. Quando o Brasil se tornar campeão mais uma vez o povo fará um imenso carnaval. A diferença está no fato de que hoje cada brasileiro sabe que o futebol, mesmo em caso de vitória, não vai resolver todos os nossos problemas.

Talvez por isso a conquista do título terá um sabor diferente do sucesso. Só que passado o baile fantástico das comemorações, voltaremos à nossa realidade. Nossa gente acordará ao raiar do novo dia com a faixa de campeão. É provável, então, que todos teremos mais força para lidarmos com a realidade e as dificuldades do dia-a-dia.

Acho que hoje o brasileiro que adora o futebol sabe que a Seleção não é a pátria de chuteiras, não é a redenção de todos os nossos problemas. É, isso sim, um jogo, um esporte, no qual somos os melhores. Já provamos isso por quatro vezes.

Aos jogadores, aplausos e reconhecimento. É bom ser vencedor. Espero que a conquista de um novo título signifique o oxigênio que vai revigorar nossa crença em dias melhores. Se é possível no esporte, é possível na luta do cotidiano.

Seremos então um país, um povo campeão, adulto, consciente, sabedor de que novas conquistas serão possíveis. Afinal, todos sabemos que viver é lutar.

 

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