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Fernando Santos
Sábado, 29 Junho de 2002, 20h58
terraesportes@terra.com.br

Portas para Nenê


Passada a euforia, e também a frustração, da contratação de Nenê pelo Denver Nuggets, o pivô brasileiro se coloca agora numa encruzilhada: de um lado, uma porta para o sucesso, a ser aberta exclusivamente pelo seu potencial individual; do outro, a porta do fracasso, por se tratar de uma das piores equipes na NBA.

O Denver teve a quarta pior campanha na temporada passada. O que não significa dizer que Nenê já está condenado a um campeonato desastroso. Muito pelo contrário. Basta ver o que aconteceu com o espanhol Pau Gasol, que mesmo no Memphis conseguiu se destacar, foi escolhido o novato do ano e abriu muitas portas para o futuro. E o Grizzlies teve campanha pior do que o Nuggets!

Nenê tem capacidade para seguir os passos de Gasol. No Denver, ele não só deve começar como titular, como também deverá ter maior tempo de jogo do que em qualquer outra equipe. O que poderia ser difícil no New York Knicks, o time que o escolheu no draft mas logo o mandou para Denver.

No Knicks, seria bem provável que Nenê ficasse na reserva, com poucas oportunidades em seu ano de aprendizado. Diferente da situação do Nuggets, que precisa dar jogo a seus novos atletas. Por este ponto de vista, pode sair ganhando.

E não faltarão oportunidades para Nenê se desenvolver. Na Conferência Oeste, ele irá enfrentar os melhores pivôs e alas-de-força da NBA. Só para citar alguns dos adversários frequentes do Denver: o Lakers de Shaquille O'Neal, o San Antonio de Tim Duncan, o Dallas de Nowitzki, o Sacramento de Webber... É melhor parar por aqui para não assustar o garoto!

Se o exemplo de Gasol é oportuno, Nenê também precisa ter a consciência de que a equipe irá dar pouco apoio coletivo. Mesmo com os veteranos Mark Jackson, Juwan Howard e o baleado Marcus Camby. Neste ponto, ele pode passar pela mesma situação de Elthon Brand, que foi escolhido como a grande esperança do Chicago Bulls e fracassou.

Brand hoje está no Los Angeles Clippers. Chicago era, e continua sendo, um time tão ruim quanto o Denver. A lição foi clara: só o talento individual não basta. O mesmo Gasol poderá ter a mesma sensação nesta próxima temporada.

Nenê não deve esperar grandes resultados neste primeiro campeonato (Nowitzki, por exemplo, só brilhou após dois anos). Mas tem espaço para mostrar potencial e, em três anos, buscar lugar num time de ponta. E sonhar alto, com um salário acima dos US$ 6,7 milhões que acaba de assinar por três anos.

 

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