Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Arbitragem não serve de desculpa para mais um vice olímpico da seleção feminina

Brasil perde novamente para os Estados Unidos em uma final de Olimpíada, mas colhe bons frutos de renovação visando a era pós-Marta

10 ago 2024 - 15h39
Compartilhar
Exibir comentários
Marta é consolada por Lindsey Horan após derrota na final da Olimpíada
Marta é consolada por Lindsey Horan após derrota na final da Olimpíada
Foto: Getty Images

A pior opção para o futebol feminino brasileiro após a derrota para os Estados Unidos na final da Olimpíada, em Paris, é tentar usar o apito como desculpa para mais um vice da seleção. Pela terceira vez na história dos Jogos, o Brasil perde o ouro diante das norte-americanas e, em que pese decisão controversa da arbitragem, precisa reconhecer suas limitações dentro de um contexto maior.

Depois de surpreender a anfitriã França e a atual campeã mundial Espanha, a seleção brasileira chegou confiante à final, não necessariamente favorita. Arthur Elias manteve o esquema com três zagueiras, embora tenha mexido novamente na escalação: saíram Angelina e Priscila, entraram Duda Sampaio e Adriana, que atuou pela direita. Assim, o técnico devolveu Ludmila ao lado esquerdo.

Marta, que havia cumprido suspensão por dois jogos, assistiu do banco de reservas ao bom primeiro tempo do Brasil. Com maior posse de bola e finalizando quatro vezes mais que a seleção estadunidense, a equipe chegou a ter um gol de Ludmila anulado por impedimento e por pouco não marcou em finalização de Gabi Portilho dentro da área, defendida pela goleira Naeher.

No segundo tempo, o time treinado pela inglesa Emma Hayes voltou mais agressivo, dobrando a aposta em bolas esticadas para as atacantes. Com menos controle da posse, o Brasil deixou o jogo vivo ao exagerar em lançamentos longos e cedeu espaços na defesa. Em um dos contragolpes, a defesa brasileira foi pega de surpresa pela infiltração de Swanson, artilheira dos EUA que avançou sozinha pela esquerda e só teve o trabalho de deslocar Lorena para inaugurar o placar.

As brasileiras reclamaram de impedimento, mas quem estava em posição irregular era Sophia Smith, que não participou diretamente da conclusão do ataque. Outra queixa foi o possível pênalti em cima de Adriana, ainda no primeiro tempo. O VAR analisou a jogada, mas não recomendou marcação da penalidade. Por se tratar de um lance interpretativo, seria injusto colocar o peso da derrota na arbitragem.

Dessa vez em desvantagem no marcador, o Brasil foi incapaz de retomar o bom ritmo da etapa inicial. Nem mesmo a entrada de Marta fez com que a equipe tivesse mais calma e acelerasse menos o jogo, favorecendo a postura das norte-americanas, que levavam a melhor nos embates físicos. Faltou maior tranquilidade para elaborar as jogadas no ataque, assim como fôlego para os confrontos individuais pelos lados, amplamente dominados pelas adversárias.

Sofrendo pouco atrás, os Estados Unidos se fecharam, seguraram o 1 a 0 e conquistaram sua quinta medalha de ouro na modalidade, três delas em cima do Brasil. Ao contrário de 2004 e 2008, a seleção brasileira de 2024 contou com o mínimo respaldo de estrutura na preparação e montagem da equipe. Ainda assim, num patamar bastante inferior ao das estadounidenses, que colhem os frutos de décadas de investimentos crescentes no futebol feminino.

Foi só em 2019, apenas cinco anos atrás, que o Brasil passou a ter torneios oficiais em categorias de base para meninas. O calendário nacional permanente de competições profissionais também é recente, com menos de uma década. Muito além das falhas em campo, a defasagem estrutural explica melhor a freguesia histórica para os Estados Unidos na modalidade do que eventuais erros de arbitragem.

Em 2027, o Brasil sediará pela primeira vez uma Copa do Mundo feminina. Precisará investir e incentivar ainda mais o futebol das mulheres. Nesse sentido, a prata em Paris tem seu peso. Mostrou que já há uma geração promissora pedindo passagem, liderada por nomes como a goleira Lorena, a zagueira Tarciane e a meia Yaya, que se saíram muito bem em sua primeira Olimpíada. Uma geração que já não depende do raro talento de Marta, que encerra seu sexto torneio olímpico passando o bastão, de forma digna e inspiradora, para um time maduro o suficiente para honrar o legado deixado pela ídola.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade