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Atmosfera fúnebre no penta do Galo é atentado contra o futebol mineiro

Por medida esdrúxula, Atlético teve de comemorar título histórico sem a presença de seus torcedores no Mineirão

7 abr 2024 - 19h09
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Jogadores do Atlético comemoram título no Mineirão vazio
Jogadores do Atlético comemoram título no Mineirão vazio
Foto: Agência i7/Divulgação

O Atlético e sua torcida mereciam mais que um desfecho melancólico na decisão do Campeonato Mineiro. Depois de virar o jogo pra cima do Cruzeiro, o time capitaneado por Hulk sagrou-se pentacampeão estadual, feito que não ocorria desde 1982. Porém, a celebração no Mineirão ficou aquém do título histórico.

Devido ao mando de campo cruzeirense, não havia torcedores atleticanos no estádio, fruto de uma medida esdrúxula dos dirigentes. No começo do ano, representantes de ambos os clubes firmaram acordo decretando torcida única no clássico mineiro pelos próximos dois anos.

Geralmente, esse tipo de decisão acontece por determinação das autoridades, como ocorreu em São Paulo, que há oito anos não tem mais torcidas divididas em clássicos locais. A ordem, orquestrada pelo Ministério Público e a Secretaria de Segurança do Estado, vigora desde 2016 e tem se mostrado ineficiente no enfrentamento à violência no futebol, que segue alastrada fora dos estádios.

No entanto, em Minas Gerais, as autoridades nunca se opuseram à presença de duas torcidas no clássico, pelo contrário. A Polícia Militar mineira acredita que não há problema em garantir a segurança de torcedores atleticanos e cruzeirenses compartilhando as arquibancadas.

Indiferentes ao posicionamento das autoridades, dirigentes dos clubes se uniram para decretar torcida única após incidentes em um clássico disputado na Arena MRV, no ano passado. Dizem se tratar de medida temporária para evitar brigas, mas, no fundo, agem por motivação econômica, vislumbrando a possibilidade de lucrar mais com apenas seus torcedores no estádio. Como em São Paulo, é bem provável que arrastem a solução paliativa como definitiva.

Dentro de campo, a final premiou o time com mais qualidade técnica e, também, o treinador com mais coragem. Enquanto Nicolás Larcamón tentou se fechar com um terceiro zagueiro após abrir vantagem no placar – o empate daria o título ao time celeste –, o recém-chegado Gabriel Milito tirou os dois volantes para colocar jogadores de frente. Melhor para o Galo, que tomou o controle da partida e virou o marcador com gols de Saravia, Hulk e Scarpa.

O quinto troféu seguido do Estadual foi celebrado no gramado do Mineirão de forma solitária por jogadores e comissão técnica, sem nenhuma festa nas arquibancadas, que ficaram vazias logo após o apito final. Na era dos clubes de donos, o lucro tende a golear a essência do futebol, violentada a cada comemoração de título com estádio vazio e atmosfera fúnebre.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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