Botafogo faz o que parecia impossível ao eliminar o Palmeiras
Time de Arthur Jorge dá demonstração definitiva de força ao conquistar classificação na Libertadores em pleno Allianz Parque
Pela primeira vez em cinco temporadas sob o comando de Abel Ferreira, o Palmeiras foi eliminado na Libertadores antes das semifinais. O feito, por si só, não era improvável pelo momento vivido pelo Botafogo, líder do Campeonato Brasileiro que avança com todos os méritos às quartas do torneio continental.
O que parecia impossível era imaginar, no começo deste ano, que o time alvinegro estaria em tal condição, sobretudo depois do baque pós-perda do título nacional. Por causa da queda brusca nos pontos corridos, a taça caiu no colo dos palmeirenses, e o Botafogo foi obrigado a iniciar a Libertadores na fase preliminar.
Demitiu o técnico Tiago Nunes logo depois do empate na estreia, mas sobreviveu e se classificou à fase de grupos interinamente dirigido pelo auxiliar Fábio Matias. Perdeu os dois primeiros jogos em sua chave, enquanto o trauma de 2023 dava a impressão de que levaria décadas para ser curado.
A chegada de Arthur Jorge mudou tudo. O técnico português estreou contra a LDU, última derrota do Botafogo na Libertadores. Já a partir dali, o novo comandante deixou claro que, mais do que uma filosofia de jogo, pretendia uma mentalidade distinta para a equipe. Um esquema com quatro atacantes, mesmo na altitude de Quito, foi o cartão de visitas da mudança que fez o clube virar, definitivamente, a chave da temporada passada.
Foi assim, com quatro atacantes e uma maneira bastante agressiva de pressionar o adversário, sem abrir mão da ofensividade nem mesmo jogando fora de casa contra um rival acostumado a reverter placares desfavoráveis, que o Botafogo derrubou o time bicampeão da América de Abel Ferreira, em pleno Allianz Parque.
Arthur Jorge poderia ter sentado na vantagem conquistada no Nilton Santos ou tentado picotar o jogo com faltas e cera, expediente comum em competições sul-americanas. Porém, manteve intacta a identidade de sua equipe, que é a de se entregar com toda intensidade a cada partida, independentemente do cenário.
Dessa vez, não deu para o Palmeiras. Mas o duelo mais aguardado das oitavas não é sobre o que faltou ao alviverde, e sim sobre o que sobrou ao alvinegro. Coragem, coração, organização e capacidade de juntar as cinzas para quebrar o pacto. Não do adversário com a Libertadores, e sim com as amarras que o prendiam a uma frustração que, não resta dúvida, ficou para trás.