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Brasil está pior que a Argentina de dez anos atrás

Tentando pegar no tranco com Diniz, seleção brasileira volta a receber a albiceleste no Maracanã, em estado de alerta para 2026

21 nov 2023 - 08h00
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Lionel Messi em amistoso que virou divisor de águas contra o Brasil
Lionel Messi em amistoso que virou divisor de águas contra o Brasil
Foto: Rich Schultz/Getty Images

Não se discute que o momento da seleção argentina é bastante superior ao do Brasil. O título da última Copa do Mundo e a relação mágica com o ídolo Lionel Messi já seriam suficientes para garantir esse status, que, somado aos desfalques e à má fase do time de Fernando Diniz, conferem aos visitantes, também, o inegável posto de favoritos na partida desta terça-feira, no Maracanã.

O problema é que o estágio da seleção brasileira remete ao dos argentinos há 10 anos, mas com um agravante: aquela Argentina estava em situação muito melhor que o atual escrete canarinho. Em 2013, a albiceleste completava um jejum de duas décadas sem títulos oficiais, além de ter feito campanha frustrante na Copa América disputada em casa, dois anos antes.

Porém, no aspecto técnico, o time argentino voltava a inspirar a confiança de seus torcedores. Experiente, Alejandro Sabella conseguiu colocar as coisas em seu devido lugar. Encontrou uma base, se agarrou a ela e classificou a seleção em primeiro lugar nas Eliminatórias, com apenas duas derrotas em 16 jogos.

A grande cartada do treinador foi saber tirar o melhor de Messi, que, até então, era um nome muito questionado pelos argentinos ao vestir a camisa albiceleste. Com Sabella, o craque passou a ocupar a faixa central do campo, como já fazia no Barcelona, e foi definitivamente alçado ao posto de capitão e principal liderança da equipe.

Tamanho crédito com o técnico representou uma virada de chave para Messi na seleção, simbolizada pelo amistoso vencido pelos argentinos por 4 a 3 contra a seleção brasileira, em Nova Jersey, onde o camisa 10 marcou três gols. No maior clássico das Américas, Sabella acumulou um saldo de duas vitórias, um empate e duas derrotas contra o Brasil – que não disputou as Eliminatórias por ser o anfitrião da Copa – antes do Mundial.

Em 2014, viria a confirmação do bom trabalho de Sabella ao montar uma base que tinha o quarteto formado por Messi, Di María, Agüero e Higuaín como grande trunfo de ataque. A Argentina chegou à final da Copa do Mundo diante da Alemanha e, por um triz (e um pouco mais de capricho de Higuaín), não se consagrou em solo brasileiro. Oportunidade que Messi e companhia não deixariam escapar sete anos mais tarde, quando desbancaram o Brasil em pleno Maracanã na decisão da Copa América.

Aquela Argentina de 10 anos atrás, classificada, consolidada e confiante, foi a semente do que a geração comandada por Lionel Scaloni colheu no Catar. E era justamente o oposto do que o Brasil experimenta hoje após o ciclo de Tite, com um time cercado por mais dúvidas do que certezas, a começar pelo comando.

Diniz se divide entre o Fluminense e a seleção, designado pela CBF como tampão até a prometida chegada de Carlo Ancelotti, no meio do ano que vem. No entanto, não há garantia de que o italiano desembarcará no Brasil para concretizar o plano, já que segue vinculado ao Real Madrid, que, por sua vez, pretende estender o contrato do treinador.

Sem conseguir empolgar em 2023, a seleção amarga uma temporada tortuosa, carente de desempenho e resultados. Dois técnicos interinos, duas sequências preocupantes. Primeiro, com Ramon Menezes, duas derrotas em três amistosos contra seleções africanas. Já com Diniz, fora as duas vitórias diante de Bolívia e Peru nos dois primeiros jogos, o time patinou em casa contra a Venezuela e, de forma inédita, perdeu duas partidas consecutivas nas Eliminatórias, para Uruguai e Colômbia.

O cartel preocupa tanto quanto os desfalques antes de enfrentar a Argentina. Sem Neymar e Vinicius Jr., as principais referências técnicas da atualidade, restará a Diniz dobrar a aposta na mobilidade do ataque com Rodrygo, Martinelli, Raphinha e Gabriel Jesus ou sacrificar um dos atacantes para reforçar o meio-campo, que sofreu contra os colombianos.

Abalada por duas eliminações seguidas em quartas de final de Copa sob a batuta de Tite, a seleção brasileira deu a largada no ciclo para 2026 ampliando incógnitas que vão desde as laterais até o setor mais agudo da equipe, principalmente em torno da capacidade física de Neymar, que se recupera de mais uma grave lesão na carreira, terá 34 anos na próxima Copa e cada vez menos chances de repetir o feito alcançado por Messi em sua seleção.

Um time desacreditado não garante vitória para a Argentina esta noite. Mas se há uma certeza prévia é que, seja Diniz ou Ancelotti, o treinador que for efetivado no cargo vai ter muito mais trabalho que o saudoso Sabella para montar uma seleção realmente confiável em pouco mais de dois anos.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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