Brasil fora da Olimpíada é lambança de um trio que minou a seleção
Fracasso no Pré-Olímpico tem assinatura de personagens que expuseram boa geração de jogadores a vexame
Ficar fora da Olimpíada não é uma humilhação para a promissora geração de talentos do Brasil. Endrick, já contratado pelo Real Madrid e protagonista de título no Palmeiras, não ficará menor pela ausência nos Jogos Olímpicos. O mesmo vale para Andrey Santos ou John Kennedy, autor do gol do título do Fluminense na Libertadores.
Ressalva feita, impossível negar que o fracasso no Pré-Olímpico é um vexame para a CBF, principalmente para um trio que minou a seleção e não soube aproveitar todo o potencial desta geração. A começar pelo técnico Ramon Menezes, que se segurou no cargo pelos títulos do Sul-Americano sub-20 e do Pan-Americano, mas nunca apresentou um futebol consistente.
Embora tenha sentido a falta de nomes como Vitor Roque, Beraldo, Marcos Leonardo, Robert Renan, Vinicius Tobias e Danilo, não liberados por seus clubes, o treinador contava com um farto leque de bons valores para o torneio e, ainda assim, chegou ao jogo decisivo do quadrangular final apostando apenas no talento individual.
Comandada por Javier Mascherano, a Argentina teve destaques como a dupla do Boca Juniors, Valentini e Barco, os ótimos Etcheverri e Almada e o volante recém-contratado pelo Vasco, Juan Sforza, mas, de longe, não reunia tantos jovens de projeção como o Brasil, que simplesmente abriu mão de atacar e jogar para vencer a partida que valia vaga na Olimpíada.
Ramon, que jamais conseguiu dar um padrão tático à equipe, preferiu preencher o meio-campo com Mauricio e Gabriel Pirani e barrou John Kennedy. O atacante do Fluminense atuou fora de posição durante todo o Pré-Olímpico, mais aberto pela ponta-esquerda do que perto do gol, como se acostumou a brilhar com Fernando Diniz no tricolor carioca.
Endrick e Andrey Santos foram outros jogadores rifados pelo esquema de Ramon. O primeiro por ficar muito isolado no ataque, o segundo por acabar sobrecarregado na marcação pelo meio. Dois jogadores com lastro em seleções de base e histórico de convocação para a principal, subaproveitados em uma equipe mal organizada.
A derrota por 1 a 0 para a Argentina poderia ter acontecido no jogo anterior, quando o Brasil bateu a Venezuela no sufoco, após a seleção da casa ter tido um gol anulado pelo VAR. A cada jogo no torneio pré-olímpico, o time de Ramon Menezes atuava pior, cada vez mais perdido pelas escolhas infelizes do treinador, colocado no cargo por uma diretoria tão desnorteada quanto seu trabalho.
Branco, o coordenador de base da seleção, deve justificativas sobre a escolha de Ramon, que foi alçado ao cargo mesmo com vários trabalhos frustrantes como técnico e nenhuma experiência em categorias de formação. Seu chefe, Ednaldo Rodrigues, acumula vexames como mandachuva do futebol brasileiro, a ponto de quase ter sido derrubado recentemente por um golpe político.
Enquanto o presidente da CBF estava afastado, a seleção correu o risco de não ser inscrita no Pré-Olímpico – a participação só foi confirmada após a recondução do cartola ao poder e no último dia previsto pela Conmebol. Um retrato da completa bagunça que toma conta da confederação, que ajuda a explicar como o trio formado por Ramon, Branco e Ednaldo desperdiçou não só a vaga na Olimpíada, mas uma generosa safra de jogadores.