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Brasil transforma críticas em reinvenção tática capaz de derrubar qualquer favorita

Novamente sem Marta, Arthur Elias volta a mexer na escalação e pega atuais campeãs do mundo de surpresa

6 ago 2024 - 18h48
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Priscila comemora o primeiro gol da seleção brasileira diante da Espanha
Priscila comemora o primeiro gol da seleção brasileira diante da Espanha
Foto: Eurasia Sport Images/Getty Images

Com autoridade, com méritos e com sobras. Mesmo muito desfalcada, a seleção brasileira deu um nó tático na atual campeã mundial, bateu a Espanha por 4 a 2 e está na final do futebol feminino nos Jogos Olímpicos de Paris. E tudo passa pela mudança de postura, tanto individual quanto da equipe.

Pelo aspecto anímico, o Brasil foi capaz de juntar os cacos após uma primeira fase problemática, em que o time foi bastante (e merecidamente) criticado. Sem se fazer de vítima, culpar a imprensa ou bater boca com torcedor, o grupo de jogadoras assumiu a responsabilidade, se fechou, evoluiu, derrubou favoritas e chegou à decisão. Melhor resposta possível.

Já sob o ponto de vista prático, a Espanha não esperava que o comportamento da seleção brasileira mudaria drasticamente em relação ao jogo da fase de grupos. Sem Marta, que não obteve sucesso no recurso e pegou dois jogos de gancho pela expulsão naquela partida, o Brasil surpreendeu as espanholas a partir de uma nova formação tática.

Com três zagueiras e linha de cinco na defesa – desfalcada de titulares como Antônia, Rafaelle e Tamires –, o técnico Arthur Elias promoveu o retorno de Ludmila, aberta pela direita como ala. No primeiro tempo, a marcação agressiva vista contra a França se repetiu, tirando o conforto da posse adversária.

Foi assim que a equipe abriu o placar, em pressão de Priscila sobre a goleira Cata Coll, que chutou a bola em cima da própria companheira: gol contra de Irene Paredes. O Brasil seguiu melhor e, antes dos 10 minutos, criou as principais oportunidades em duas finalizações de Gabi Portilho.

A única jogada contundente da Espanha só surgiu aos 28 minutos, com Jenni Hermoso aproveitando a sobra da entrada da área e obrigando Lorena a fazer boa defesa. Em seguida, Priscila perdeu oportunidade cara a cara, batendo pra fora. Já no fim do primeiro tempo, Portilho não desperdiçou sua terceira chance ao completar cruzamento perfeito de Yasmin.

Na etapa final, ostentando dois gols de vantagem no placar, a seleção se organizou para matar o jogo nos contra-ataques. E a brecha apareceu aos 25 minutos, quando Yaya lançou Priscila em velocidade. A atacante arrancou, deu passe preciso para Adriana, que havia entrado no lugar de Ludmila e chutou no travessão. No rebote, Portilho, sempre ela, ajeitou de cabeça e, dessa vez, Adriana não perdoou. De cabeça, anotou o 3 a 0.

A Espanha se lançou ao ataque na base do desespero. Fez dois gols com a craque Paralluelo, mas, em momento algum, a classificação brasileira esteve ameaçada. Kerolin anotou o quarto e fechou a conta. Embora tenha tido menos de 25% de posse de bola, o Brasil jogou melhor e anulou a grande arma das rivais, impedindo as infiltrações pelo centro do campo. Todas as apostas de Arthur Elias se bancaram: da incansável Ludmila à oportunista Priscila, da capitã Angelina à goleadora Gabi Portilho, a equipe foi impecável individual e coletivamente.

Depois de 16 anos, a seleção brasileira retorna gigante a uma final olímpica. E, assim como em Pequim, terá outra vez os Estados Unidos pela frente. Ao desbancar o favoritismo das anfitriãs francesas e das campeãs do mundo espanholas, não há como duvidar da capacidade deste grupo, que soube se reinventar nas adversidades e transformou críticas em mudanças construtivas pelo tão sonhado ouro inédito.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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