CBF se humilha por Ancelotti e leva um merecido chapéu do Real Madrid
Treinador italiano renova contrato com clube, deixando a seleção brasileira no vácuo e ainda mais perdida
Nesta sexta-feira, último dia útil do ano, o Real Madrid anunciou a renovação de contrato com Carlo Ancelotti até 2026. O comunicado joga um balde de água fria sobre os planos da CBF, que acreditava ter um acordo com o treinador para assumir a seleção brasileira a partir do meio do ano que vem.
Mais que uma frustração, a renovação do técnico italiano representa outra humilhação pública para a CBF e seu agonizante presidente, Ednaldo Rodrigues. Não bastasse ter sido afastado do poder por determinação da Justiça e enfraquecido nos bastidores pela oposição, o cartola que já estava desgastado pelo vexame na organização do jogo entre Brasil x Argentina, palco de uma pancadaria generalizada nas arquibancadas do Maracanã, agora vê implodir o grande trunfo de seu mandato.
Principal fiador do suposto acordo com Ancelotti, que nunca afirmou publicamente que treinaria a seleção brasileira, Ednaldo recorreu a gambiarras para vender a ilusão de que tinha um plano após a saída de Tite. Primeiro, promoveu o técnico da seleção sub-20, Ramon Menezes, a interino da principal.
Como a solução temporária logo se mostrou um retumbante fracasso, com derrotas para Marrocos e Senegal nos primeiros amistosos do ano, o jeito foi acionar um tampão oficial, dessa vez Fernando Diniz, que topou conciliar o expediente no Fluminense com o comando da seleção até a prometida chegada de Ancelotti.
O fato é que a total indefinição e falta de norte da CBF simplesmente jogou no lixo um ano de trabalho na seleção brasileira. Enquanto os últimos campeões do mundo têm sido moldados por projetos de longo prazo, com ao menos um ciclo inteiro de preparação, vide a Argentina de Scaloni (2022), a França de Deschamps (2018) ou a Alemanha de Joachim Löw (2014), o Brasil já começa a corrida pela próxima Copa em desvantagem em relação aos principais concorrentes.
Sem saber se Diniz será efetivado e passará a se dedicar exclusivamente à seleção, ou se a CBF irá ao mercado atrás de um novo técnico, ou mesmo quem será o presidente da confederação a partir de 2024, a seleção está cada vez mais desorientada. Ednaldo se humilhou à espera de Ancelotti e levou um merecido chapéu do Real Madrid, que pode ter selado de vez sua melancólica despedida do poder.