Clubes gaúchos sofrem com enchente e a letargia da Conmebol
Ao contrário da CBF, entidade sul-americana demorou a adiar jogos de Grêmio e Internacional, afetados por calamidade pública
Tanto o Governo do Rio Grande do Sul quanto a Prefeitura de Porto Alegre decretaram estado de calamidade pública antes do fim de semana devido às chuvas que causaram enchentes e inundações sem precedentes. Ainda assim, Conmebol só anunciou o adiamento dos jogos da dupla Grenal nas competições sul-americanas na noite deste sábado.
Impedidos de treinar por causa do alagamento de seus centros de treinamento, Grêmio e Internacional se mobilizam para ajudar no resgate de vítimas e pessoas ilhadas, além de organizarem arrecadação de roupas e alimentos, inclusive com jogadores participando da força-tarefa.
O Grêmio tinha viagem prevista para terça-feira, rumo ao Chile, onde enfrentaria o Huachipato pela Libertadores. Já o Inter planejava viajar um dia antes para a Bolívia, local da partida contra o Real Tomayapo, pela Sul-Americana. A indefinição se tornou ainda maior com o fechamento do aeroporto Salgado Filho para pousos e decolagens por tempo indeterminado.
São mais de 50 mortos e 20.000 pessoas desabrigadas pelas chuvas em todo o estado do Rio Grande do Sul. Quase metade das residências de Porto Alegre estão sem água, fora as mais de 350.000 instalações sem energia elétrica, a exemplo do estádio Beira-Rio e da Arena do Grêmio, que tiveram seus gramados alagados pela enchente.
Uma análise rápida do nível do Rio Guaíba, que jamais havia ultrapassado a marca dos 5 metros, bastaria para a Conmebol ter entendido a dimensão da catástrofe e não hesitado em adiar os jogos de Grêmio e Inter. A decisão, que deveria ter sido tomada ainda na sexta-feira, evitaria que os clubes expusessem seus atletas e funcionários a riscos desnecessários, mantendo-os focados nos esforços de ajuda humanitária.
Ao contrário da CBF, que acertadamente se antecipou ao suspender todos os jogos envolvendo equipes gaúchas em competições nacionais, a confederação sul-americana foi obrigada a dar o braço a torcer diante das circunstâncias extremas, constrangida por protestos de torcedores e pelo estrago na imagem de uma entidade que, mais uma vez, se mostrou letárgica e insensível.