Coeso e objetivo, São Paulo quebra tabu ao estilo Carpini
Beneficiada por expulsão justa no Corinthians, aposta tricolor para a temporada se enche de moral com feito inédito em Itaquera
Ao herdar de Dorival Júnior um time calejado, que teve de suportar todo tipo de pressão para acabar com o jejum de títulos relevantes, Thiago Carpini aproveita a grande chance da carreira para conciliar o útil ao agradável: competitividade e resultado. Assim, o São Paulo finalmente quebrou o tabu que já durava uma década em Itaquera, com uma vitória incontestável de 2 a 1 sobre o Corinthians.
Cascudo e cirúrgico, a equipe tricolor já mostra credenciais ao estilo do jovem treinador, debutante em clássicos, como a objetividade para construir e definir jogadas. Foi dessa forma que, apesar do bom ritmo inicial dos donos da casa, Wellington Rato encontrou Calleri nas costas da defesa corintiana aos 19 do primeiro tempo. Com o ímpeto decisivo que lhe é peculiar, o artilheiro levou a melhor em cima de Félix Torres e teve frieza ao deslocar Cássio para abrir o placar.
Enquanto a torcida rival lamentava pelo faro de gol que tem faltado ao ataque alvinegro, sobretudo a Yuri Alberto, que segue sentindo o peso de más atuações, o São Paulo mostrava muito mais organização e maturidade que o time de Mano Menezes. Como sempre, Luciano usou a experiência para irritar os rivais, até entrar na mente do desprevenido Caetano, de 24 anos, que acertou um soco no atacante são-paulino.
Após intervenção do VAR, o zagueiro foi corretamente expulso pela agressão, o que acabou facilitando a missão dos visitantes diante do tabu. Luciano ainda perdeu ótima oportunidade antes do fim do primeiro tempo, ao escorregar e desperdiçar o passe na medida de Lucas Moura.
Com três mexidas no intervalo, Carpini encorpou o meio-campo a partir da entrada de Luiz Gustavo no lugar do amarelado Alisson. Foi o volante recém-repatriado quem ampliou logo aos cinco minutos do segundo tempo. Cabeçada primorosa para complementar mais uma assistência de Rato, dessa vez em cobrança de escanteio.
Jogando em vantagem numérica e o placar confortável a seu favor, coube ao São Paulo administrar o jogo com muito mais posse de bola que na etapa inicial. Nem mesmo o gol de Arthur Souza, no último minuto do tempo regulamentar, foi capaz de abalar a sobriedade do tricolor, que segurou a vitória durante os cinco minutos de acréscimo.
Enfim, depois de 11 derrotas e sete empates na arena do rival, o São Paulo enterrou o tabu e saiu vitorioso pela primeira vez em Itaquera. Para Carpini, uma chancela respeitável a seu promissor início de trabalho. Desde o coeso plano de jogo à mobilização do elenco para se aproveitar da confusa reconstrução corintiana, o técnico sai fortalecido para a decisão da Supercopa do Brasil contra o Palmeiras, ciente do que precisa fazer (e manter) para se dar bem em um clássico.