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Dorival comete injustiças, mas mantém ciclo de renovação iniciado por Diniz

Primeira convocação do novo técnico da seleção brasileira ignora nomes que estão em alta tanto na Europa quanto no futebol nacional

1 mar 2024 - 14h37
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Dorival Júnior fez sua primeira convocação como treinador da seleção
Dorival Júnior fez sua primeira convocação como treinador da seleção
Foto: Vinícius Azevedo / Esporte News Mundo / Esporte News Mundo

Em sua primeira lista como treinador da seleção brasileira, Dorival Júnior anunciou novidades e, ao mesmo tempo, ignorou jogadores que mereciam continuidade ou oportunidade. Entre os estreantes na seleção principal estão o atacante Savinho, destaque do surpreendente Girona, da Espanha, o zagueiro Beraldo (PSG) e o volante Pablo Maia, que trabalham com o técnico no São Paulo.

Por outro lado, Dorival cometeu algumas injustiças ao desprezar nomes como o zagueiro Murillo, do Nottingham Forest, mais afirmado na Europa que o recém-chegado Beraldo, os laterais Carlos Augusto (Inter de Milão), Samuel Lino (Atlético de Madri) e Lucas Piton (Vasco), que vivem melhor momento que Ayrton Lucas, único representante do Flamengo na convocação.

Outra ausência sentida é a de João Pedro, do Brighton, que merecia continuar sendo testado na referência de ataque. Apesar dos bons valores esquecidos, Dorival mantém o ciclo de renovação iniciado por Fernando Diniz, apostando na juventude de jogadores expoentes e muito promissores, a exemplo de Endrick, João Gomes e André.

Não há como dizer que Dorival encontra terra arrasada. Apesar de 2023 ter sido um ano tenebroso para a seleção em termos de resultado e credibilidade institucional, o trabalho de Fernando Diniz deixou, no mínimo, o rascunho de um caminho promissor.

Responsável por abrir portas para revelações como Endrick, João Pedro e Paulinho, o técnico do Fluminense iniciou o necessário processo de renovação da equipe, embora não tenha tido o tempo ideal para ajustar sua filosofia de futebol ao perfil dos jovens convocados.

Ao contrário do que muita gente possa imaginar após a decepcionante campanha da seleção no Pré-Olímpico sob o comando de Ramon Menezes, que custou a vaga nos Jogos de Paris, o Brasil conta com uma safra interessante de jogadores com potencial para se firmarem como protagonistas no cenário internacional. Qualidade e variedade não faltam. A grande questão é como desenvolver uma ideia de jogo que contemple tantos talentos sem comprometer o equilíbrio de um time que se tornou frágil na defesa desde a saída de Tite.

Dorival dá pistas de como pretende implementar sua proposta nesta primeira convocação. Nos amistosos contra Espanha e Inglaterra, adversários europeus que Tite tanto reivindicava enfrentar durante seu reinado, o técnico pode montar o meio-campo a partir do retorno de Lucas Paquetá, centralizado, e dois volantes criativos (Douglas Luiz ou Casemiro ou André e Bruno Guimarães ou João Gomes ou Andreas Pereira) e, quem sabe, formar o futuro trio de ataque do Real Madrid: Vinicius Jr., Rodrygo e Endrick.

Para ter sucesso na seleção, o técnico que conquistou títulos importantes justamente no formato de mata-mata por Flamengo e São Paulo precisa acelerar o passo de consolidação da equipe já para a Copa América, no meio do ano, que será apenas sua segunda convocação. E com essa urgência em mente, a chance oferecida aos mais jovens nos amistosos ganha contornos de vestibular para a disputa do torneio.

Lidar com as demandas imediatistas do futebol não é algo novo na carreira de Dorival, que tem rodagem suficiente para entender o tamanho do desafio até a próxima Copa do Mundo — e as cascas de banana que o caminho lhe reserva. O que pode ser inédito em sua trajetória é a parte burocrática e, por que não, política do cargo.

A partir de agora, além de cuidar do time e das convocações, Dorival também passará a enfrentar os bastidores sempre tortuosos da CBF, ainda mais sob a presidência de Ednaldo Rodrigues, que, reconduzido pela Justiça ao poder após sofrer uma tentativa de golpe, optou por trocar de treinador para satisfazer a opinião pública e, consequentemente, abafar os movimentos de oposição dentro da entidade.

Com a gestão em xeque, nada garante que o dirigente — ou qualquer um que venha a substituí-lo em outra possível manobra — não resolva adotar o mesmo expediente em caso de resultados negativos do time de Dorival.

Juntamente com nomes consolidados na seleção, casos de Ederson, Danilo, Marquinhos, Casemiro, Vini, Rodrygo e Gabriel Martinelli, a nova geração tem a missão de reoxigenar uma equipe castigada pelo mau desempenho recente e pela crise administrativa da CBF. A ocasião e o ambiente não são dos melhores, mas há opções de sobra para que Dorival consiga formar um time novamente respeitável.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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