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Falta de ética do Flamengo reflete abismo para o Nova Iguaçu

Anúncio de contratação do vice-artilheiro do Campeonato Carioca antes da final mostra como o poder econômico é implacável com times pequenos

30 mar 2024 - 19h55
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Pedro comemora um dos gols do Flamengo contra o Nova Iguaçu
Pedro comemora um dos gols do Flamengo contra o Nova Iguaçu
Foto: Buda Mendes/Getty Images

Muito se cobra que jogadores pratiquem o fair play dentro de campo. No entanto, fora dele, as manobras de dirigentes que contradizem o jogo limpo raramente são questionadas. Em cartada ardilosa, o Flamengo anunciou neste sábado, antes da final contra o Nova Iguaçu, a contratação do atacante Carlinhos, vice-artilheiro do Campeonato Carioca e um dos principais nomes do time da Baixada Fluminense.

A vitória rubro-negra por 3 a 0 não chega a ser uma surpresa, dada a enorme diferença técnica e financeira entre as equipes. Mas nao há como relativizar a artimanha do Flamengo. Diante dos futuros companheiros, Carlinhos, maior esperança de gols do Nova Iguaçu, fez uma partida discreta. Passou em branco e foi pouco acionado, preso na marcação da melhor defesa do campeonato — vazada apenas uma vez ao longo de toda a competição.

Justamente pelo abismo que separa as duas equipes, o Flamengo não precisava conturbar o ambiente do adversário, tampouco expor o atleta ao anunciar sua incorporação no calor de uma final. Primeiro, a diretoria rubro-negra deixou vazar o acordo encaminhado com o centroavante. Depois, em entrevista à beira do gramado a menos de uma hora do início da partida, o vice-presidente de futebol, Marcos Braz, confirmou a contratação e que Carlinhos se apresentará à nova equipe após o segundo jogo da final.

Não se trata de um expediente inédito no futebol. Vários clubes grandes já contrataram jogadores de times pequenos durante a disputa de competições. Na última edição do Carioca, por exemplo, Lelê disputou à semifinal pelo Volta Redonda negociado ao Fluminense. Em 2005, o tricolor já havia puxado o tapete do Voltaço ao contratar três de seus destaques na véspera da decisão daquele ano, fato que gerou revolta da torcida e do treinador adversários.

Neste ano, na semifinal do Paulistão, o Palmeiras bateu o Novorizontino, do meia Rômulo, anunciado como reforço alviverde ainda em fevereiro. A diferença entre os casos de Rômulo e Lelê para o de Carlinhos é que tanto Palmeiras quanto Fluminense haviam acertado com os jogadores bem antes de enfrentarem seus respectivos clubes em confrontos decisivos.

O resultado no primeiro jogo da final do Carioca não foi determinado pelo anúncio prévio de Carlinhos, mas sim pela competência do time de Tite, que, com uma campanha quase perfeita, encaminhou o merecido título estadual. O que só reforça que o Flamengo poderia ter, no mínimo, esperado o fim do campeonato para anunciar o jogador do Nova Iguaçu. Mas, como sempre, a falta de ética dos grandes mostra como o poder econômico é implacável com times pequenos.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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