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Hélio dos Anjos tem razão ao criticar preferência ao Flamengo fora do Rio

Treinador do Paysandu faz ponderação justa após ter pedido do seu clube negado para jogar em Belém

26 jan 2024 - 09h48
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Técnico do Paysandu alfinetou Flamengo por causa de jogo em Belém
Técnico do Paysandu alfinetou Flamengo por causa de jogo em Belém
Foto: Jorge Luís Totti/Paysandu

“Quero que o Flamengo se dane. Não sou flamenguista, não trabalho no Flamengo. Quero o melhor para o futebol paraense.” Apesar da expressão chula, Hélio dos Anjos tem razão em sua crítica. O técnico do Paysandu se revoltou após ter um pedido de seu clube negado para jogar no Mangueirão, que será palco de partida do time carioca.

O contexto é importante para entender a ponderação do treinador. Primeiro, o Paysandu entrou em acordo com o mandante Caeté para transferir o jogo válido pela segunda rodada do Campeonato Paraense para o principal estádio de Belém, devido às péssimas condições do gramado em Bragança.

Na sequência, a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), que administra o Mangueirão, negou a solicitação argumentando que o gramado do estádio precisa ser preservado para o duelo entre Flamengo e Sampaio Corrêa pelo Campeonato Carioca, o que obrigou as equipes paraenses a jogarem na casa do Caeté, colocando em risco a integridade física de seus atletas. 

Por fim, a partida entre Tapajós e Remo, prevista para a Arena Verde, em Paragominas, acabou adiada após o veto ao estádio, também por impropriedade do gramado e pela impossibilidade de transferir o jogo para o Mangueirão neste fim de semana. A Seel alega a intenção de preservar o piso do estádio para a partida do Flamengo, que acontece em 31 de janeiro.

Contudo, quando se trata de valorização do gramado e de boas condições para a prática esportiva, tanto a secretaria local quanto a Federação Paraense de Futebol (FPF) não adotam o mesmo cuidado dedicado ao Flamengo com os clubes do Estado. Isso é o que despertou a revolta de Hélio dos Anjos.

Enquanto negou a mudança do jogo do Paysandu para o Mangueirão, que seria realizado oito dias antes da partida do Flamengo, a Seel não vê problemas de o estádio receber o tradicional clássico Re-Pa quatro dias depois da passagem do time rubro-negro por Belém.

Uma evidente preferência ao Flamengo, clube de maior torcida do país, que atrai grandes públicos toda vez que atua fora do Rio de Janeiro. No entanto, a prioridade das federações deveria ser as equipes de seus respectivos estados, como faz a FERJ, que trabalha em favor dos times cariocas ao preservar o gramado do Maracanã neste início de temporada e levar jogos para outras praças.

É inimaginável pensar em adiamento de partidas do Campeonato Carioca ou prejuízo a um Fla-Flu, por exemplo, caso a dupla Remo e Paysandu resolvesse transferir o mando de algum jogo para o Maracanã. Para clubes do Sudeste, seus interesses vêm sempre em primeiro lugar.

Da mesma maneira, em seu desabafo incontido, Hélio dos Anjos reivindica um choque de autoestima não apenas para as equipes paraenses, mas para todo o futebol do Norte e do Nordeste do país, que não concorre em pé de igualdade com clubes grandes de regiões economicamente favorecidas.

Se há um problema crônico de gramados fora da capital, a FPF e o governo do Pará deveriam evitar receber jogos de equipes de fora do estado para garantir a reserva do Mangueirão aos jogos do Campeonato Paraense. Valorizar as condições do gramado é um passo básico para a valorização do futebol local.

Ressalte-se que o Flamengo, que nem sequer é o mandante do jogo contra o Sampaio Corrêa, não é o culpado por essa situação, tampouco o maior alvo da crítica de Hélio dos Anjos. Tem todo o direito de atuar fora do Rio de Janeiro, como já atuou em Manaus e João Pessoa neste ano, desde que não prejudique outros clubes e campeonatos estaduais. Nesse ponto, o treinador do Paysandu está certíssimo em questionar qualquer tipo de preferência.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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