Maior inimigo dos times brasileiros rouba a cena na Libertadores
Flamengo poderia ter construído vantagem mais confortável sobre o Bolívar caso não perdesse seu goleador ainda no primeiro tempo
Tite foi alvo de cornetas de torcedores rubro-negros ao sacar Pedro no segundo tempo da última partida contra o Palmeiras. Mas, se tivesse sacado no intervalo ou poupado o centroavante do jogo pelo Campeonato Brasileiro, talvez não fosse forçado a substituí-lo ainda na primeira etapa diante do Bolívar, pelas oitavas de final da Libertadores.
Pedro sentiu uma lesão no músculo posterior da coxa esquerda. Gabigol, seu substituto, também precisou sair por problema semelhante. Apesar da vitória por 2 a 0 no Maracanã, o Flamengo pode ter de encarar a altitude de La Paz no jogo da volta, semana que vem, sem três de seus principais atacantes – já que Everton Cebolinha está fora de combate após sofrer a quinta lesão na temporada.
Em um calendário inchado de duelos e com a exigência de disputar para ganhar todos os campeonatos possíveis, os clubes brasileiros continuam favoritos para manter a hegemonia de anos recentes na Libertadores, mas se deparam novamente com o grande obstáculo que não se apresenta na forma de rival: o desgaste físico.
Assim como o Flamengo, outras equipes nacionais iniciaram o mata-mata continental administrando desfalques por lesão. O Palmeiras, que já havia perdido Dudu por dores na panturrilha, teve de começar com Estêvão no banco contra o Botafogo. O jovem atacante ainda não está 100% recuperado de uma entorse no tornozelo.
Já os botafoguenses precisaram segurar Tiquinho Soares, em processo de recondicionamento após lesão no joelho. Isso porque o técnico Arthur Jorge também não pode contar com Jeffinho e Júnior Santos, artilheiro da Libertadores, ambos em recuperação no departamento médico.
Contra o Nacional, no Uruguai, o São Paulo fez um jogo ruim e segurou o empate sem gols. O time de Luís Zubeldía sente muito a falta dos volantes titulares Pablo Maia e Alisson, que só retornam no ano que vem devido a lesões graves. Panorama parecido com o do Atlético-MG, que empatou com o San Lorenzo na Argentina sem sua principal referência. Hulk não entra em campo há duas semanas por causa de uma lesão muscular.
O insano calendário brasileiro ajuda a equilibrar a balança em relação a outras equipes sul-americanas, que, embora fragilizadas do ponto de vista financeiro, não têm de lidar com tantas partidas na temporada. Botafogo e Palmeiras, por exemplo, já chegaram a 50 jogos disputados em 2024. O River Plate, último campeão continental argentino, ainda não completou 40. Durante a Copa América, entre junho e julho, não houve competições na Argentina, enquanto o futebol brasileiro seguiu a todo vapor, com dois jogos por semana.
Por sua vez, o Flamengo soma 47 partidas no ano – seu adversário, o Bolívar, fez apenas o 27º jogo no Maracanã. Pedro disputou 42 compromissos oficiais e marcou 29 gols. A importância do centroavante para o time é proporcional ao acúmulo de minutos em campo. Quanto maior a sequência de jogos sem descanso, maiores são as chances de lesão e problemas físicos.
Não há como fazer uma análise do desempenho dos times brasileiros na Libertadores sem ponderar sobre o peso do calendário nas baixas dos elencos e nas escolhas dos técnicos. Ainda que mantenham o favoritismo para trazer o sexto título seguido da América para o Brasil, sofrem com o inimigo cada vez mais visível em competições sul-americanas.