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Mbappé precisa evitar no Real Madrid o erro cometido por Neymar no PSG

Se repetir postura de ex-colega brasileiro, craque francês pode ter vida difícil em Madri, apesar de todo cenário favorável para triunfar

4 jun 2024 - 07h55
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Ainda criança, Kylian Mbappé posa com uniforme do Real Madrid
Ainda criança, Kylian Mbappé posa com uniforme do Real Madrid
Foto: Arquivo pessoal

Em sua apresentação pessoal como novo jogador do Real Madrid, Kylian Mbappé resgatou fotos da infância vestindo o tradicional uniforme branco, descrevendo a transferência como um “sonho realizado”. Aos 25 anos, ele troca o projeto endinheirado do Paris Saint-Germain pela mística intangível do maior campeão europeu.

Não há comparação entre a grandeza dos clubes. Enquanto os franceses, bancados pelo dinheiro do Catar, perseguem o tão desejado título inédito da Champions League, os espanhóis alcançaram a 15ª conquista continental no último sábado. Uma instituição busca construir uma identidade, a outra é, de longe, a maior marca global do futebol.

Mbappé chega a um time acostumado a vencer, com referências e ídolos estabelecidos. Precisa saber onde pisa, para não cair no mesmo equívoco de Neymar, seu antigo companheiro de PSG. Ao se transferir do Barcelona para a equipe parisiense, em 2017, o atacante brasileiro deu de ombros a tudo que existia antes de sua chegada.

Até pela falta de lastro do clube, Neymar mostrou, desde a apresentação recheada de parças dentro do gramado do Parc des Princes, que seus objetivos individuais estavam acima dos coletivos. A ânsia de finalmente disputar o prêmio de melhor jogador do mundo fez com que rasgasse qualquer tipo de protocolo de integração e boa convivência com os companheiros.

Um dos episódios mais marcantes foi a guerra de egos com Cavani, até então o maior artilheiro da história do PSG e grande ídolo da torcida. Em vez de ganhar ascendência aos poucos, respeitando a história construída no clube pelas lideranças da época, Neymar implodiu o vestiário, com apoio do amigo Daniel Alves, ao tentar forçar a barra para tomar o posto de batedor oficial de pênaltis e faltas da equipe.

Naturalmente, pelo seu talento e capacidade, o brasileiro se converteria em protagonista do time, status que rapidamente perdeu a partir da incorporação do próprio Mbappé. Por ter vivido de perto a disputa de vaidades em Paris, o craque francês deveria se desviar da expectativa de que seja o “dono” do clube em Madri.

Primeiro, porque o Real Madrid não é o PSG. Sobretudo sob o comando de Carlo Ancelotti, hierarquias e funções costumam ser muito bem definidas e respeitadas. Por fim, há toda uma história construída antes de sua chegada. A base formada por Vini Jr., Rodrygo, Bellingham e companhia merece respeito. 

Se Mbappé repetir a postura de ex-colega brasileiro em sua nova casa, pode ter vida bastante complicada com os madridistas, apesar de todo cenário favorável para que siga triunfando e empilhando recordes na carreira, agora em um clube que não se curva a nenhum atleta.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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