Neymar oferece munição aos críticos com gestão de imagem desastrosa
Ao retrucar alfinetadas da atriz Luana Piovani com ofensas, jogador se coloca no centro de mais uma polêmica fora do futebol
Quem acompanha notícias sobre Neymar, tem a impressão de estar diante de um personagem recém-saído de algum reality show destinado a candidatos a celebridade fugaz, não de um dos principais jogadores do futebol mundial na última década. Desde que se lesionou no ano passado, seu nome se tornou mais frequente no noticiário de fofocas do que no esportivo.
Dessa vez, ele se coloca no centro de mais um polêmica ao reagir de maneira vulgar e raivosa a críticas da atriz Luana Piovani, que o atacou por, supostamente, apoiar a PEC da privatização das praias brasileiras. “Enfia a p… de um sapato na boca e fica quieta”, publicou Neymar nas redes sociais, em meio a vários xingamentos e um vídeo em que debocha da idade da atriz.
Piovani realmente pegou pesado nos ataques direcionados ao jogador, mas nada justifica uma reação tão virulenta. Assim como o empreendimento em que é sócio explicou em nota, argumentando que os condomínios que pretende construir no litoral do Nordeste não têm relação com a PEC 3/2022, em tramitação no Congresso Nacional, Neymar poderia se defender das críticas sem baixar o nível.
Também poderia explicar se seu apoio incondicional ao senador Flávio Bolsonaro, com quem já posou para fotos e é relator da proposta de emenda constitucional que pretende abrir a porteira para privatizar áreas litorâneas, é meramente uma questão de preferência política ou um movimento calculado que pode acabar favorecendo seus negócios e interesses no Brasil, já que, mais do que questionar sua responsabilidade como pai, Luana Piovani o acusa de ser um mau cidadão.
Com a resposta que transforma uma crítica em embate pessoal típico de quinta série, Neymar não só atrai a atenção de milhões de seguidores para a polêmica, como desejava Piovani, como se desvia cada vez mais da figura de um atleta. Novamente, a falta de uma gestão profissional de carreira contribui para a desconstrução de sua imagem de ídolo.
O ápice do desgaste foi ter topado pagar, por meio do pai, quase 1 milhão de reais para ajudar o ex-companheiro Daniel Alves, condenado por estupro na Espanha, a reduzir a pena antes do julgamento. Em nome da amizade, se expôs como fiador da liberdade de um agora condenado agressor sexual.
Não bastasse o erro que queimou seu filme fora da bolha do futebol, sobretudo entre as mulheres, Neymar ainda assumiu ter traído a namorada grávida na véspera do Dia dos Namorados – fato lembrado nas críticas de Luana Piovani. Enquanto se recuperava de lesão e seu clube, o Al-Hilal, competia na Arábia Saudita, o jogador promovia um cruzeiro em alto-mar cercado de celebridades.
A cada dia que passa, longe da bola e do auge físico da carreira, Neymar se comporta mais como influencer do que como atleta profissional. A grosseira hiperexposição nas redes sociais remete mais ao adolescente imaturo que surgiu meteoricamente no Santos do que ao pai de família de 32 anos reativo a qualquer opinião que o questione como figura pública.
Pouco diligente ao escolher quais brigas vale a pena comprar, a gestão desastrosa de sua imagem oferece ainda mais munição aos críticos, reforçando todas as pechas que carrega desde o início da trajetória no futebol. A rusga com Piovani apenas dá a dimensão do quanto Neymar se distanciou do vulto do ídolo que um dia imaginou ser.