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O abismo que separa Fernando Diniz de Pep Guardiola

Maior investimento em elenco pesa a favor de possíveis adversários do Fluminense no Mundial de Clubes

13 dez 2023 - 09h18
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Diniz é celebrado pela torcida tricolor após a conquista da Libertadores
Diniz é celebrado pela torcida tricolor após a conquista da Libertadores
Foto: Gazeta Press

Em 2014, Fernando Diniz despontava com o Audax e era saudado por muitos como o “Guardiola brasileiro”. Naquela época, em uma entrevista para a Placar, perguntei ao treinador se o colega espanhol era sua inspiração: “Não. Quando me lancei como técnico no Votoraty, o Guardiola estava começando no Barcelona. Meus times sempre jogaram assim”, respondeu.

O primeiro trabalho de Diniz como treinador foi em 2009, poucos meses depois de Pep Guardiola assumir o time principal do Barcelona. Levou o modesto Votoraty aos títulos da terceira divisão estadual e da Copa Paulista já ancorado nas ideias que consagrariam o dinizismo, com muita posse de bola, mobilidade e coragem para jogar, mas a partir de princípios distintos do tiki-taka.

Enquanto Guardiola é a máxima referência do jogo de posição, em que os jogadores atacam espaços em zonas do campo preestabelecidas, Diniz define sua filosofia como “aposicional”, dando liberdade para os atletas se deslocarem e até mesmo se concentrarem em torno da bola.

De qualquer maneira, apesar das diferenças de estilo, ambos prezam pela estética e pela montagem de equipes ofensivas. Guardiola revolucionou o futebol moderno a partir do Barcelona de Messi e companhia. Diniz, como dizem tricolores, devolveu aos torcedores o “prazer de assistir futebol” no Brasil, sobretudo depois do título da Libertadores. Embora se aproximem pelo amor ao jogo bonito e, agora, pela disputa do Mundial de Clubes, os dois estão separados por um abismo financeiro.

Para chegar ao tão esperado duelo com o Manchester City de Guardiola na final, Diniz terá de superar a enorme discrepância de investimentos entre clubes, possivelmente, já na semifinal. Jogando em casa, o Al Ittihad, um dos prováveis adversários do Fluminense depois de vencer o Auckland City na estreia, carrega a ambição de lutar pelo título do torneio.

Comandado pelo argentino Marcelo Gallardo, é um dos clubes da Arábia Saudita que receberam bilionários aportes do governo local. Só na última janela de transferências, o Al Ittihad gastou aproximadamente 500 milhões de reais em reforços e banca uma folha salarial superior a 900 milhões de reais por ano para abrigar estrelas como Benzema, Kanté, Romarinho e Fabinho.

Pelo lado do City, financiado por um fundo de investimentos dos Emirados Árabes, a gastança também é desenfreada. Aplicando em média 1 bilhão de reais em contratações por temporada nos últimos 10 anos, o time inglês tem uma das cinco maiores folhas salariais do mundo, que também supera a casa de 1 bilhão de reais.

Já o Fluminense não tem nem mesmo um dos maiores cacifes do futebol brasileiro. Entre os quatro times de primeira divisão que menos gastaram para montar seu elenco (cerca de 30 milhões de reais), a equipe tricolor tem folha salarial quase 10 vezes menor que a do Manchester City. O grande trunfo para tentar reduzir o abismo econômico para os concorrentes no Mundial é justamente a força coletiva moldada pelo trabalho de Diniz.

Em lua de mel com o time de guerreiros, os tricolores que lotaram o Aeroporto do Galeão para a despedida da delegação que embarcou para a Arábia Saudita nesta terça-feira sabem o tamanho do desafio. Foi Diniz quem gerou a confiança de que é possível derrotar até mesmo a melhor equipe e o melhor treinador do mundo. E se depender da energia emanada pelo AeroFlu, as margens do abismo podem não ser tão distantes quanto parecem.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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