Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

O Boca tem um plano, e Abel Ferreira precisa ser muito mais inventivo para sair vencedor no Allianz

Empate em casa não é ruim para o time argentino, que dobra aposta defensiva no intuito de derrubar o Palmeiras da Libertadores

29 set 2023 - 10h12
Compartilhar
Exibir comentários
Surpresa na formação do Boca, Cavani atuou mais recuado contra o Palmeiras na Bombonera
Surpresa na formação do Boca, Cavani atuou mais recuado contra o Palmeiras na Bombonera
Foto: Cesar Greco/SEP

Ao fim da partida na Bombonera, Abel Ferreira disse que surpreendeu o adversário com sua escalação. De fato, Jorge Almirón, técnico do Boca Juniors, não deveria esperar um adversário com Rony e Artur, que vinha atuando pelo lado esquerdo, formando a dupla de ataque. No entanto, ao menos para os donos da casa, a nova formação do Palmeiras logo se mostrou uma grata surpresa.

Exceção feita ao primeiro lance de perigo da equipe alviverde, em que Artur matou no peito dentro da área e chutou para fora, os dois atacantes estiveram a maioria do tempo de costas para o gol, facilitando o encaixe de marcação do Boca. Sem imposição física nem estatura na referência, o Palmeiras insistiu em lançamentos longos, perdeu disputas pelo alto e permitiu aos xeneizes dominar a segunda bola no meio-campo.

O Palmeiras viu desmantelar seu sistema ofensivo a partir da grave lesão no joelho de Dudu. Abel tem apostado na dobradinha Mayke e Marcos Rocha pela direita, o que desconfigura consideravelmente a forma do time atacar. Mesmo com Artur mais próximo da posição em que rende melhor, da direita para o meio, a equipe perdeu a capacidade de abrir o corredor para o apoio dos laterais. Raphael Veiga se tornou o jogador mais agudo, porém menos presente na criação de jogadas. O resultado tem sido um ataque engessado, que marcou apenas um gol desde a baixa de Dudu e terminou o primeiro tempo em Buenos Aires sem conseguir acertar o gol adversário.

Por sua vez, o Boca, sim, surpreendeu o time brasileiro. Almirón lançou o ex-palmeirense Merentiel no comando de ataque e recuou Cavani para participar da articulação de jogadas. Assim, tirou a referência da defesa e confundiu a marcação dos volantes do Palmeiras.

Do lado esquerdo, Piquerez sofria com as infiltrações de Medina. No direito, mesmo com Rocha e Mayke, o jovem Valentín Barco encontrava espaços para infiltrar ou alçar bolas na área. Segundo time que menos sofre finalizações no Campeonato Brasileiro, com média de 11 por jogo, o Palmeiras concedeu 18 arremates ao Boca na Bombonera. Não fossem as intervenções de Weverton e a imposição habitual da dupla Gómez e Murilo, teria sido impossível segurar o empate.

As melhores oportunidades da equipe alviverde, incluindo as duas únicas finalizações ao gol, estiveram nos pés de Veiga, que desperdiçou a melhor delas em um contra-ataque no começo do segundo tempo. Por mais que a igualdade no marcador soe mais conveniente para o visitante Palmeiras, sobretudo diante do contexto do jogo, o Boca cumpriu a primeira parte de seu plano para as semifinais: não perder.

O time de Almirón empatou todos os seus confrontos de mata-mata na competição até aqui e chegou ao quarto 0 a 0 em cinco jogos. Consciente da inferioridade técnica em relação ao Palmeiras, que disputa a quarta semifinal seguida de Libertadores, o Boca se apega à estratégia de arrastar mais uma decisão para as penalidades, confiante no experiente goleiro Sergio Romero, que defendeu 10 das últimas 19 cobranças de pênalti contra sua meta.

Para frustrar a tática de sobrevivência dos argentinos e conseguir romper a sina de eliminações palmeirenses para o Boca Juniors, Abel Ferreira precisa ser muito mais inventivo do que se propôs nos últimos jogos. Abrir mão de Mayke-Rocha pela direita e tentar um ponta de ofício no lugar de Dudu é uma solução simples, mas que, com ajustes de posicionamento, pode ser a saída mais eficaz para tornar o time menos previsível no ataque.

Não será fácil furar a defesa do Boca, mesmo jogando com o apoio da torcida no Allianz Parque. Abel, que busca sua terceira final de Libertadores em menos de três anos no clube, sempre se caracterizou por ter um plano na manga. O de agora tem de ser um antídoto ao do Boca, que não esconde de ninguém que aposta todas as fichas no peso emocional de uma disputa de pênaltis em território inimigo.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade