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O que sobra no Palmeiras de Abel falta ao Flamengo de Tite

Capacidade de vencer jogos que exigem mais transpiração que inspiração transformou o alviverde no time a ser batido no Brasil

3 mai 2024 - 10h46
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Abel Ferreira orienta o time do Palmeiras no duelo contra o Botafogo-SP
Abel Ferreira orienta o time do Palmeiras no duelo contra o Botafogo-SP
Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Pelo investimento de mais de 1 bilhão de reais em elenco nos últimos seis anos, o Flamengo tinha potencial para ser o clube dominante e de hegemonia inalcançável no futebol brasileiro. No entanto, o Palmeiras é quem se tornou o verdadeiro time a ser batido tanto no cenário nacional quanto continental, muito pela capacidade de vencer jogos que exigem mais transpiração que inspiração.

Não que o alviverde tenha um elenco qualquer. Turbinado pelos talentos revelados na base, como Endrick e Estevão, atacante de 17 anos que marcou o gol da vitória contra o Botafogo-SP, pela Copa do Brasil, o grupo palmeirense está bem servido e também exige um alto investimento do clube para manter suas principais referências.

A maior diferença para o Flamengo, além da estratégia mais conservadora em contratações de impacto, é o comportamento como time. Enquanto o rubro-negro carioca dependia bastante das individualidades e do aspecto intuitivo dos craques até a chegada de Tite, o Palmeiras se consolidou como uma força coletiva sem precedentes na história recente do esporte nacional.

Sob o comando de Abel Ferreira, a equipe incorporou um traço competitivo fundamental em toda modalidade de alto rendimento: jamais se conformar com reveses. Vitórias como a desta quinta-feira, diante do Botafogo, quando sofreu o empate nos acréscimos e arrancou o triunfo já no apagar das luzes no Allianz Parque, e a da semana passada, em que virou um jogo que parecia perdido na altitude de Quito contra o bom Independiente Del Valle, atestam uma vocação incondicionalmente comprometida com o resultado.

Não importam as adversidades nem as circunstâncias da partida. O torcedor palmeirense tem plena convicção de que, por pior que jogue, o time que o representa dará um jeito de arrancar a vitória. Ou, no mínimo, vender caro um tropeço. Uma mentalidade enraizada ao longo dos mais de três anos da dinastia Abel que não se molda da noite pro dia.

Baseado no mesmo conceito da coletividade que trabalha em sintonia, Tite tenta construir filosofia semelhante no Flamengo a partir de um jogo que dependa mais do rendimento coletivo que das individualidades. Afinal, o Palmeiras tem craques, como Endrick, Veiga e Dudu, mas sua fonte de conquistas é, indiscutivelmente, a resiliência coletiva.

O que sobra no time de Abel é o que falta no de Tite: a força mental para superar cenários adversos. O Flamengo venceu o Amazonas também por diferença mínima de gols pela Copa do Brasil, mas o contraste de atitude para o Palmeiras é flagrante. Nada impede que, com o tempo, o treinador tenha sucesso em implementar mentalidade parecida no rubro-negro. Problema é resistir a uma diretoria imediatista que dificilmente aguenta o árduo processo de consolidação de uma equipe resiliente.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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