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Primeiro ouro pelas mãos de uma mulher preta merece comemoração em dobro

Bia Souza desbanca melhores do mundo no judô e presenteia o Brasil com uma medalha cheia de significados

2 ago 2024 - 15h46
(atualizado às 15h52)
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Judoca Beatriz Souza conquista a primeira medalha de ouro brasileira em Paris
Judoca Beatriz Souza conquista a primeira medalha de ouro brasileira em Paris
Foto: David Ramos/Getty Images

Não foi uma conquista qualquer. Para ganhar a primeira medalha de ouro do Brasil na Olimpíada de Paris, a judoca Beatriz Souza empilhou façanhas pela categoria +78kg. Na semi, ela desbancou a francesa Romane Dicko, líder do ranking mundial que competia em casa. Já na final, vitória por waza-ari sobre a israelense Raz Hershko, a número 2 do mundo.

Mais do que ocupar o topo do pódio em sua estreia nos Jogos Olímpicos, aos 26 anos, Bia Souza adicionou potentes significados ao ouro. Pelo tamanho do feito, já que somou quatro vitórias em quatro lutas sem sofrer uma pontuação sequer e superou, em sequência, as duas melhores lutadoras da modalidade. E, sobretudo, pela representatividade de sua consagração.

Coube a uma mulher preta, novamente no judô, buscar a primeira medalha dourada para o país, assim como Rafaela Silva, em 2016, no Rio de Janeiro. Quem não entende a necessidade de se exaltar a diversidade no esporte, costuma argumentar que o principal destaque deve ser ao mérito, não à raça ou à cor da pele de um atleta.

Porém, quando se destaca que uma mulher negra venceu, o que está em evidência é justamente o enorme mérito de conseguir triunfar em um espaço onde as estatísticas sempre jogaram contra. Modalidades como o judô, antes pouco acessíveis e elitizadas, passaram a observar recentemente o protagonismo de atletas pretos, em que exemplos como o multicampeão francês Teddy Riner, que também levou o ouro em sua categoria nesta sexta-feira, em Paris, e Rafaela Silva, descoberta graças a um projeto social carioca na Cidade de Deus, aos poucos deixam de ser exceção.

Filha do ex-judoca Poseidonio José de Souza Neto, a paulista Bia Souza começou cedo no judô e por incentivo familiar. Se encontrou nas artes marciais, demonstrou talento precoce, venceu seu primeiro campeonato aos sete anos e teve de superar a falta de apoio financeiro até se consolidar na elite do esporte.

O ouro conquistado na França, derrubando uma francesa pelo caminho, então melhor do mundo, tem muito peso. Quem não se emocionou com o choro de Bia Souza ao cantar o hino nacional no alto do pódio, jamais entenderá por que essa medalha merece comemoração em dobro. Não é só por ser a primeira dourada do Brasil em Paris, mas também – e principalmente – por ter chegado pelas mãos de uma mulher preta.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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