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Punição a Gabigol revela como diretoria do Flamengo se coloca acima do bem e do mal

Atacante rubro-negro arranha sua idolaria após vestir camisa do Corinthians, mas dirigentes do clube são tão ou mais “culpados”

18 mai 2024 - 10h07
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Dirigentes do Flamengo em homenagem ao agora ex-camisa 10 do time
Dirigentes do Flamengo em homenagem ao agora ex-camisa 10 do time
Foto: Divulgação

A atitude de Gabigol é indefensável. Vestir a camisa de outro time arranha a imagem de qualquer jogador, ainda mais a de um ídolo tão representativo. Mesmo que num evento privado, trajar o uniforme do Corinthians, clube que tentou contratá-lo no início do ano e um dos maiores rivais do Flamengo no cenário nacional, denota falta de consideração com o sentimento da torcida rubro-negra que sempre o venerou.

Embora o comportamento seja realmente passível de sanção interna, é simbólico que a diretoria do Flamengo, que multou Gabigol e tirou-lhe a lendária camisa 10 por causa da foto vazada vestindo as cores de um rival, não adote o mesmo rigor com membros da alta cúpula investigados ou responsáveis por cometer faltas muito mais graves que o jogador.

Em abril do ano passado, Angela Machado, que é esposa do presidente Rodolfo Landim e diretora de Responsabilidade Social do Flamengo, foi indiciada por xenofobia depois de publicar postagem ofensiva a nordestinos durante o resultado da última eleição presidencial. 

Já no mês seguinte, membros da oposição acusaram o VP jurídico do clube, Rodrigo Dunshee, de ser o administrador por trás de um perfil falso que difamava aliados e opositores de Landim nas redes sociais. Enquanto o Ministério Público e a Polícia Civil apuram o caso, Dunshee nega as acusações.

Para completar, ainda em 2023, Marcos Braz, vice-presidente de futebol, foi flagrado agredindo um torcedor do Flamengo nos corredores de um shopping. O dirigente, que concilia o cargo com o mandato de vereador, havia confirmado presença em uma sessão ordinária na Câmara do Rio no momento da confusão. Ele chegou a ser denunciado por lesão corporal, mas entrou em acordo com a vítima para que o processo fosse encerrado.

Em todos os casos, dirigentes rubro-negros saíram ilesos e não receberam qualquer tipo de punição interna. Ao contrário dos atletas, advertidos, multados e suspensos por atos de indisciplina, a gestão Landim não adota o mesmo rigor com correligionários, revelando como a atual diretoria do Flamengo se blinda em uma redoma, acima do bem e do mal — o que ajuda a explicar tantos conflitos recentes dentro do clube.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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